O cancro do rim é uma doença silenciosa, uma vez que grande parte dos doentes não apresentam sintomas numa fase inicial, sendo na maioria das vezes diagnosticados em exames de imagem de rotina, como por exemplo, a ecografia. Em 2020, mais de 300 mil pessoas foram diagnosticadas com cancro do rim em todo o mundo. Em Portugal, são diagnosticados cerca de 1190 novos casos por ano. É mais frequente nos homens do que nas mulheres – e geralmente diagnosticado entre os 50 e os 70 anos de idade.

Sabe-se que o tabaco, a hipertensão arterial e a obesidade são fatores de risco para o desenvolvimento desta doença. Logo, uma alimentação cuidada e a evicção de tabaco são medidas importantes que podem evitar o seu aparecimento.

O cancro do rim é uma doença muito heterogénea – varia de formas indolentes até doença metastizada – mas que na sua maioria não tem manifestações clínicas.  Os diferentes tumores renais têm comportamentos diversos e devem por isso ser tratados de modos diferenciados: lesões pequenas e localizadas podem ser tratadas cirurgicamente ou com terapêuticas ablativas, tumores de grandes dimensões ou metastizados necessitam de tratamentos sistémicos, com a quimioterapia.

Nos últimos anos temos assistido a desenvolvimentos significativos ao nível dos tratamentos para esta doença:  na doença localizada dispomos de abordagens mais inovadoras, por exemplo, com técnicas minimamente invasivas guiadas por imagem – crioterapia, ablação por radiofrequência ou laser –, ou cirurgias minimamente invasivas, como é o caso da cirurgia robótica – e na doença metastizada contamos com desenvolvimentos na terapêutica sistémica com o aparecimento de medicação inovadora.

Tal como noutros cancros, é dever dos profissionais de saúde informar os doentes sobre a história natural da doença por forma a tomarem parte na decisão, consciente e cientificamente esclarecida, da sua doença. Estamos empenhados em chamar a atenção para o cancro do rim como um problema de saúde significativo e crescente na nossa população. Reconhecemos a clara importância do envolvimento dos doentes na melhoria dos seus cuidados de saúde, e na nossa prática clínica garantimos que a perspetiva global do doente seja considerada de modo a encontrar as melhores respostas para as necessidades sentidas em cada uma das pessoas.

É certo que temos assistido a um grande desenvolvimento tecnológico nos últimos anos e a Medicina é hoje cada vez mais personalizada, abrindo-se novos caminhos no tratamento desta doença. Mas nunca é demais relembrar que o diagnóstico precoce e a literacia em saúde, a par de um acompanhamento médico regular, continuam a assumir um papel fundamental para o sucesso do tratamento.

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