É rara a comunicação política que no desenrolar do seu conteúdo não apresente a seguinte palavra chavão: inclusão. No mês de Junho assinalou-se o Pride Month e, sendo assim, a bandeira arco-íris ficou patente em toda a parte: a solucionadora de todas as maleitas e infortúnios.
Presente nos logótipos de marcas ou púlpitos políticos como sinal da inclusão e não discriminação, afastando qualquer opinião que fuja da narrativa dominante, mesmo sabendo que muitas das vezes isto apenas se fica pelo seu carácter simbólico, do aproveitamento político ou de uma questão de marketing e branding. Enquanto isso, a propósito do desrespeito pelos direitos LGBT por parte da Hungria, toda uma Europa continua silenciosa e adormecida.
Aquilo que se espera é de facto o não-cancelamento e o evitar de qualquer tipo de reação woke. Há muito esquecidos estão os valores do iluminismo e do liberalismo clássico, aquele que defendeu e protegeu o indivíduo do poder tirano do Estado e da sua interferência na esfera individual privada.
A ideia do indivíduo livre e dotado de razão foi ultrapassada pelo repúdio ao iluminismo ocidental, causador de todos os males do mundo, agente imperialista do capitalismo ocidental. Em sua substituição, a teoria crítica surgiu, visionária e superiormente moral a tudo o resto. Até hoje, apenas ofereceu uma narrativa de intolerância, crítica e destruição. Neste momento, as verdades absolutas daqueles que se dizem diferentes dos outros são aquelas que prevalecem: a tirania da minoria.
Aquilo que outrora pertencia ao direito negativo tem passado progressivamente para o direito positivado, transcrito nos direitos fundamentais e legislações nacionais. Sendo este ponto benéfico, tem como repercussão negativa o aumento da influência do Estado na vida individual dos indivíduos, sob pretexto da inclusão. Um pouco na lógica de Roger Scruton, aquilo que instrumentalizado como meio para atingir uma determinada finalidade acaba por se perder quando o foco se desvanece.
E na verdade o foco dissipou-se. Hoje, a índole racional é apenas interpretada como salvo conduto dos privilegiados. Os direitos já não são do indivíduo – gerais e abstratos –, mas sim de todas as características e particularidades do ser identitário.
Como poderão ambicionar a igualdade, se aquilo que pretendem é serem reconhecidos como diferentes?
A facilidade com que recaímos em narrativas é exasperante, em que tudo fica ao nível do simbólico e assim felizes ficamos. O ideal universalista perdeu o seu rumo, sendo compartimentado em gavetas. Não importam os valores, mas aquilo que os outros julgam que é a identidade do outro.