Depois de uma semana em que meio país pareceu encantado com as mobilizações ao torno dos direitos das mulheres, se convocaram manifestações e “greves feministas”, se lançaram flores ao Tejo fazendo juras de irmos viver um novo dia, dois reality shows na noite de domingo foram um verdadeiro balde água fria. As activistas indignaram-se – indignam-se sempre – contra a alegada exploração dos estereótipos de género e pediram a intervenção dos censores – pedem sempre.
Erraram o alvo: deviam antes envergonhar-se pelas mães, filhos e filhas que se prestaram a fazer aquelas figuras. Pelas audiências conseguidas. E interrogar-se sobre até que ponto o que as televisões nos mostraram é o retrato do país que somos – aquele que somos mesmo mas não queremos admitir.
Nestas alturas lembro-me sempre de uma frase apócrifa atribuída a Rodrigo da Fonseca – “nasci entre brutos, vivi entre brutos, morri entre brutos” – e apetece-me pensar, mais de 160 anos passados sobre o desaparecimento do estadista oitocentista, que Portugal continua teimosamente a ser esse “país de brutos”.
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