No contexto de debates para as legislativas de março de 2024, tentei fazer uma análise ao comportamento dos analistas/ comentadores políticos, relativamente aos diversos partidos.

A análise do comportamento dos partidos políticos, especialmente no que tange à dicotomia esquerda-direita, constitui um tema que suscita constante debate. A dualidade de critérios usada, frequentemente, por parte dos analistas e comentadores políticos, não me parece inocente. Esta é habitualmente marcada por uma propensão a tolerar comportamentos negativos da esquerda e, por outro lado, por uma postura extremamente crítica em relação à direita.

Quando o assunto é analisar o comportamento dos políticos de partidos de esquerda, observa-se uma enorme tolerância com erros e comportamentos, mesmo que sejam altamente questionáveis. Mentiras em debates, como aquelas da avó e do pai da Mariana Mortágua, por exemplo, são frequentemente interpretadas como “estratégia”. Em contrapartida, quando idênticas situações acontecem “à direita” são consideradas motivo de descrédito.

E nem a utilização de polígrafos, muitas vezes financiados por subsídios estatais, contribuem para o esclarecimento. Muito pelo contrário, muitas vezes, os polígrafos contribuem para a deslegitimação da direita, enquanto na esquerda são vistos como ferramentas de transparência.

Um dos maiores exemplos de falta de decoro dos comentadores do regime é a situação da ajuda externa e do governo de Passos Coelho. Como é possível que, quase 15 anos depois, ainda seja possível haver tanta confusão social sobre aquilo que efetivamente se passou?

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Neste caso, em específico, a direita é alvo de constante crítica e ataque por parte dos media e da opinião pública. Ou seja, em vez de esclarecerem a população, perpetuam, intencionalmente uma mentira. Depois do “cavaquismo”, período em democracia em que o país cresceu mais (nos 11 anos de Cavaco Silva a média anual de crescimento do PIB foi de 3,9%) o PS governou mais de 20 anos, tendo saído do governo com o país num pântano deixado por Guterres, numa bancarrota deixada por Sócrates e num descalabro ético, agora com Costa. O PSD governou 6 anos, sensivelmente, 4 dos quais a cumprir um programa de ajuda externa acordado com o governo demissionário de Sócrates. Foi um período complexo? Foi, ninguém é capaz de negar. Mas, à época, não havia alternativa. No entanto, ainda hoje esse facto é amplificado e utilizado para denegrir a imagem dos partidos e figuras de direita. Essa intolerância impede um debate saudável e contribui para a polarização da sociedade.

O Ocidente está cada vez mais entregue a um progressismo de esquerda que tem apresentado resultados negativos em diversos âmbitos, como o económico, o social e o da segurança. A Europa está a “virar à direita” porque já percebeu que da esquerda e das suas políticas só pode esperar “mais do mesmo”. Exemplo disso é o aumento da pobreza, a desindustrialização e a crescente insegurança. Estas são as consequências nefastas do progressismo.

Diversos autores abordam essa questão, como o  filósofo Roger Scruton, que no seu livro How to be a Conservative critica o progressismo e defende os valores tradicionais. Outro autor relevante é o economista Thomas Sowell, que nas suas obras tem demonstrado os efeitos negativos das políticas de esquerda na economia e na sociedade ocidental. Não deveriam os meios de comunicação social informar destes factos ao invés de continuarem a ser tendenciosos?

A dualidade de critérios na análise política é um problema grave, que impede um debate honesto e construtivo, levando ao crescimento dos partidos mais extremistas. Por esse motivo, é necessário que os analistas e comentadores assumam uma postura imparcial e que sejam críticos com todos os partidos, independentemente da sua ideologia. O Ocidente precisa de um debate sério sobre o futuro, e isso só será possível se forem abandonadas as agendas ideológicas e forem considerados os reais interesses da população.