O passado não regressa, mas a propósito do crescimento do Chega e da aliança com o PSD nos Açores, vale a pena fazer considerações sobre a orientação estratégica do maior partido da direita. O aparecimento e o crescimento do Chega são, em grande medida, o resultado do fracasso da estratégia de Rui Rio.
Quando Rio chegou a líder do PSD, a sua maior preocupação foi afastar-se da herança de Passos Coelho. Para isso, quis mostrar que o PSD não era um partido de direita. Mas confundiu o apelo a eleitores do centro com uma tentativa de purificação ideológica do partido. Ou seja, quis fazer do PSD um partido apenas “social democrata”, esquecendo que a vocação dos grandes partidos de poder é incluir várias famílias políticas e até militantes com tentações populistas, que existem em todos as famílias políticas.
Ninguém sabe se Ventura não teria acabado por sair do PSD, mas a verdade é que Rio não fez tudo o que estava ao seu alcance para o impedir. Rio achou que o Chega seria uma aventura passageira, sem futuro. Enganou-se, não só em relação a Ventura como ao risco de ignorar o eleitorado mais à direita que sempre votou no PSD. A estratégia de Rio aumentou a insatisfação entre o eleitorado de direita. Ventura é o principal beneficiado.
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