Muitos são os argumentos, muitas as forças de expressão, muitas as estratégias de retórica que se utilizam estes dias para discutir a Saúde, o Ensino Superior e a necessária coordenação entre os setores.

Muitos são também os números avulsos, muitas as afirmações desconexas, muitas as alegações infundadas para fazer passar opiniões desinformadas quanto à formação de profissionais de saúde.

Isto é possível apenas num ambiente em que quem governa tira partido da falta de informação existente. O “Inventário Nacional de Profissionais de Saúde”, previsto em lei desde 2015, continua ainda por executar, passados sete anos…

Porque para quem não planeia, não interessa que a desadequação das suas políticas seja visível – e assim se vai sustentando em retórica vazia -.  Mas nem tudo se consegue esconder com esta estratégia de “não sei, não planeio, não me responsabilizo”:

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  • Quem não planeia não consegue esconder que abre concursos para médicos especialistas que deixam 40% das suas vagas por preencher;
  • Não consegue esconder que o concurso de acesso ao internato médico tem atualmente 1938 vagas para 2849 candidatos;
  • Não consegue esconder que não é nos cursos de Medicina que há mudanças por fazer pela formação de médicos em Portugal;
  • Não consegue esconder que a verdadeira mudança depende unicamente de decisões políticas. É necessária coragem política para implementar medidas, cuja necessidade é mais do que evidente, e que devem assentar num compromisso com a formação e com a retenção de médicos especialistas, aqueles que terminam o seu processo formativo e estão completamente aptos a contribuir para melhorar a saúde das pessoas.

Sem olhar de forma séria para os números, e sem tirar destes as conclusões e opções políticas necessárias, não se planeia, não se forma e não se cuida…

Ou melhor, vai-se cuidando de uma opinião pública, sacrificando de forma intencional a formação médica e a saúde dos portugueses.