Onde estamos?

Como Portugal, mais de 70 países mantêm junto das Nações Unidas estratégias de longo prazo, desde Vanuatu, à Suíça passando pelos Estados Unidos.

Portugal há muito tempo que reverteu a sua curva de emissões de GEE, que tiveram o seu máximo em 2005, quando emitimos cerca de 84 Milhões de toneladas de GEE (tirando os incêndios e usos florestais), em 2020 já estavam 32% abaixo desse pico.

Portugal foi o 3.º país da UE com as mais baixas emissões totais de GEE por habitante, valor 30% abaixo do valor médio registado na UE-27 (7,8 ton CO2e/habitante).

As energias renováveis representaram 35% do consumo final bruto de energia, e no caso específico da eletricidade mais de 60% já são gerados por fontes renováveis no nosso país.

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A nível mundial, em termos dos primeiros passos na transição energética, que são os ligados às fontes da eletricidade, a capacidade renovável mundial aumentou 50% entre 2022 e 2023, sendo o crescimento mais rápido de sempre, e irá continua a acelerar.

Na área da mobilidade a adoção de híbridos e carros elétricos disparou, com 1 em cada 4 carros novos na Europa a serem elétricos e 1 em cada 7 a nível planetário. Na Noruega (que lidera este tema) em 2022 80% dos veículos vendidos já eram elétricos e destes 5 em cada 6 são apenas movidos a bateria (não são híbridos).

Há quem diga que o importante é o esforço dos países mais poluidores, e que o nosso esforço será inglório sem a China acompanhar o ritmo, pois a verdade é que a China construiu mais painéis solares no ano 2023 do que qualquer outro país durante toda a sua história.

Olhando para o planeta, as emissões per capita já estão a baixar, o pico foi em 2012! O desafio está em que a população mundial ainda está a crescer mais do que o decréscimo nas emissões por pessoa, e por isso o valor global ainda sobe mas estamos cada vez mais perto do pico de emissões totais e o início da descida.

Uma reputada cientista, Hannah Ritchie, dedica-se há décadas a analisar os dados climáticos (recomendo vivamente a sua leitura). A sua análise mostra que os compromissos assumidos internacionalmente pelos vários países já nos tiraram do cenário dantesco de aumentos de 4ºC ou 6ºC, estando agora em causa ficarmos em aumentos entre 2,5ºC e 2,9ºC, e enfrentarmos as consequências disso (sendo muito claro isso será mau e temos claramente de o evitar), ou conseguirmos ficar abaixo dos 2ºC, ambicionando ficar pelos 1,5ºC. Neste momento se cada país cumprir com os seus compromissos estamos numa rota de 2,1ºC de aumento em 2100.

Os desastres naturais estão a matar mais pessoas?

Sobre eventos extremos, não há evidências que haja um aumento no número de mortes nas décadas mais recentes (desde 2000), há provavelmente mais reportes e noticias dos eventos de menor escala com menos fatalidades nas décadas mais recentes, como pode ser visto na análise do Ourworldindata, que é o site imensamente usado para obter e analisar dados durante a pandemia. Com a construção de bases de dados mais robustas nos anos 70 e 80, a análise mostra que desde o ano 2000 não há evidências claras de que haja um aumento no número de desastres naturais a nível global. Aliás os dados mostram que hoje os desastres naturais matam menos de metade das pessoas do que há 100 anos. Hoje têm é muito maior destaque e divulgação com a sociedade muitos sensibilizada para os temas ambientais. Um exemplo deste maior foco no ambiente é o compromisso  assumido pelo jornal The Guardian, que em 2020 publicou, em média, uma noticia ligada ao ambiente a cada 3 horas, somando mais de 3000 notícias nesse ano.