A semana passada já não fui a tempo de comentar a operação militar israelita que fez explodir milhares de pagers de terroristas do Hezbollah. Mas ainda venho a tempo de informar que, neste momento, as comunicações do Hezbollah estão de tal modo comprometidas que a artista com mais downloads de Spotify no Líbano é a Lara Li: a malta do Hezbollaz está mesmo desesperada para perceber como funciona a telepatia. Piada que funcionará bastante melhor para quem está familiarizado com pagers, lá está.

Parece que a operação militar israelita em curso no Líbano, que se iniciou com a tal Missão Arrebenta Partes Baixas, teve como objectivo prevenir uma invasão do norte de Israel, que estaria a ser preparada pelo Hezbollah para o próximo 7 de outubro. Terá esse objectivo sido alcançado? Tenho as minhas dúvidas, porque estes terroristas são manhosos. Eu se fosse Israel, dia 7 de outubro estaria preparado para uma invasão de um comando do Hezbollah, ao pé coxinho, ao som de “Allahu Akbar” gritado em falsete.

A propósito de eventuais cagufas, se é verdade que Israel deve temer o Hezbollah, já Nicolás Maduro não tem qualquer motivo para recear o nosso Partido Socialista. Isto porque, há dias, o Parlamento Europeu reconheceu Edmundo González Urrutia como presidente legítimo e democraticamente eleito da Venezuela, tendo a cabeça de lista do PS, Marta Temido, votado contra. Donde se conclui não haver razão para o PS ser Temido por Maduro, como eu queria demonstrar.

Mas se Marta Temido é toda pelo Maduro (pois pudera, deve ser daquele bigode todo sensualão), verdade seja dita que outros eurodeputados do PS votaram a favor do reconhecimento de Edmundo González Urrutia como presidente da Venezuela. Foi o caso de Francisco Assis que, ao ter nova atitude decente, pregou mais um prego no caixão do eventual sonho de voos mais altos no partido. Aliás, são já tanto os pregos que o mais simpático que se pode dizer de Assis é que está mais próximo de secção de quinquilharia do Leroy Merlin do que da liderança do Partido Socialista. E isso é prestígio.

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Liderança do Partido Socialista, essa, que continua entregue ao líder do Bloco de Esquerda, Pedro Nuno Santos. E que bem entregue ela está, como tem ficado claro nos últimos dias com as polémicas sobre a marcação de uma conversa com vista ao agendamento de uma reunião para definir um encontro que propicie um diálogo com Luís Montenegro acerca do Orçamento do Estado para 2024. Enfim, o encontro será na sexta-feira, mas foi mais difícil de marcar que um date entre terroristas do Hezbollah por pager.

E, em princípio, o date não dará em nada. Arrisco que nem chochinho haverá, que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos andam num bate-boca feio há dias. O que traz os comentadores políticos muito indignados, com as acusações de infantilidade para um lado e as reuniões secretas para o outro. Eu, confesso, acho esta uma óptima maneira de os nossos lideres políticos ocuparem o seu tempo. Diverte e é menos vagar que lhes sobra para fazerem coisas. “Ah e tal, este tipos deviam era estar a trabalhar em vez de perderem tempo nestas palhaçadas!” A sério? Mas quê, do que temos visto, o fruto desse trabalho tem sido mesmo muito bom? Queremos mais desse trabalho, é? Em tempos, o Benfica teve um número seis, Michael Thomas, que corporizava, na perfeição, esta ideia: quanto menos se mexer, melhor.

A propósito, prepare-se para se mexer um bocado mais nos próximos dias, que pode ser necessário fugir do anunciado rio atmosférico. Que soaria a dilúvio de proporções bíblicas, não fossemos nós contemporâneos dos pagers e não soubéssemos que significa só que é outono e vai chover.