A pandemia COVID 19 acelerou a consciencialização dos decisores políticos europeus da necessidade emergente de reforçar os sistemas de saúde por forma a darem resposta às necessidades das pessoas. A razão é muito mais simples do que julgamos. O impacto económico e financeiro da doença é cada vez mais profundo, atraindo discursos populistas e demagogos que encontram no sofrimento das pessoas o alimento perfeito.

Portugal enfrenta hoje vários desafios emergentes, mas um é determinante para o nosso futuro. Estamos no breakeven político. Já não há mais espaço de manobra para falhar com as pessoas. E atenção que esta responsabilidade não é reservada, apenas, ao governo. Os líderes dos partidos da oposição, têm hoje a maior das responsabilidades.

A saúde não pode continuar a ser um campo das batalhas políticas e ideológicas. Já não temos mais tempo nem dinheiro. A transformação tem de ser agora.

Duas evidências. A primeira é que qualquer pessoa quando necessita de cuidados de saúde, procura qualidade e rapidez ao menor custo possível. Não é importante o tipo de prestador dos cuidados. Pode ser público, social ou privado. Desde que reúna estas características: qualidade, rapidez e gratuitidade. Simples.

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A segunda evidência é que sem profissionais de saúde valorizados e respeitados, não temos cuidados de saúde. Simples.

Estas duas evidências são verdades de La Palice. O desafio está em encontrar um equilíbrio entre as remunerações, competências e ambientes laborais seguros.

Se tudo isto fosse fácil, já teria sido feito e não estaríamos, seguramente, no limite da resiliência humana. Todos nós. Profissionais de saúde e cidadãos.

Porque acredito que agora será diferente?

Acredito porque conheço os decisores políticos e peritos da área, partilhei com eles as mesas de trabalho nas últimas semanas e posso comprovar que reúnem o necessário: conhecimento, habilidades e mais importante, a atitude certa.

A atitude é o segredo. Acredito, convictamente, que as políticas de saúde propostas estão alinhadas com as necessidades, mas mais importante, existe vontade de fazer a diferença na vida das pessoas.

Tenho a forte convicção que vamos desenhar e implementar políticas de saúde que valorizam os profissionais de saúde e mais importante ainda, que criem as condições necessárias para que volte a paixão pelo cuidar das pessoas. O dinheiro não resolve tudo, mas tudo custa dinheiro. É urgente perceber que na saúde, os profissionais são o investimento.

Em 2017, o saudoso António Arnaut trabalhava numa nova lei para o Serviço Nacional de Saúde, que tinha como pedra basilar as carreiras profissionais, porque, nas suas palavras, “as carreiras profissionais são a trave mestra do Serviço Nacional de Saúde”.

O advogado, que esteve na génese do serviço público de saúde, argumentou que este precisa de carreiras “estáveis, com profissionais de todos os sectores, todas as graduações, todos os patamares, que se sintam motivados, ou então não há Serviço Nacional de Saúde de Qualidade, não há estabilidade”, alegou. “Os profissionais têm de ter estabilidade, têm de ter formação permanente, têm de ter espírito de equipa que só a estabilidade é que dá e ter uma remuneração condigna para com a sua responsabilidade profissional e social”, adiantou Arnaut.

Infelizmente António Arnaut faleceu em 2018 sem antes conseguir inscrever as suas ideias na nova Lei de Bases que viria a ser aprovada no ano seguinte.

Estou profundamente convicto que o equilíbrio salarial será conseguido com compromissos a curto, médio e longo prazo, associados a critérios racionais, sérios e alinhados com as médias da OCDE (remuneração base/PIB). Este será, no meu entendimento, o melhor rácio para orientar as políticas salariais dos profissionais de saúde, de forma a evitar distorções na administração pública que provocarão, naturalmente, disputas, reivindicações e leilões irracionais e populistas.

A confiança e o respeito, conquistam-se com compromissos sérios e responsáveis.

Mas as remunerações são apenas uma parte da valorização dos profissionais. A evolução científica das ciências da saúde, capacitou os vários profissionais para um exercício clínico cada vez mais especializado, competente e diferenciado. Neste sentido, a escassez de recursos, impõe maximizar o potencial individual de cada profissional para o melhor resultado em saúde.

Não existem ganhos em saúde obtidos pela intervenção individual de apenas um profissional. Por este motivo, é obrigatório combinar de forma ótima as competências das equipas multidisciplinares, eliminando ou reduzindo ao máximo o desperdício, redundâncias e ineficiências de processos, que custam por ano, cerca de 3 mil milhões de euros. Este é o maior desafio do decisor político, das lideranças profissionais e dos gestores em saúde.

Caros colegas. Estamos perante a maior encruzilhada das nossas vidas. Ou nos entendemos nestas matérias, ou espera-nos um longo caminho de autodestruição, com reivindicações avulsas e irracionais, que terminam com greves e outras manifestações de luta, prejudicando os próprios e ainda mais grave, prejudicando as pessoas que juramos cuidar.

Exige-se responsabilidade. Verdade. Mas acima de tudo, Liderança.

Ricardo Correia de Matos

Perito Plano de Emergência da Saúde

A pandemia COVID 19 acelerou a consciencialização dos decisores políticos europeus da necessidade emergente de reforçar os sistemas de saúde por forma a darem resposta às necessidades das pessoas. A razão é muito mais simples do que julgamos. O impacto económico e financeiro da doença é cada vez mais profundo, atraindo discursos populistas e demagogos que encontram no sofrimento das pessoas o alimento perfeito.

Portugal enfrenta hoje vários desafios emergentes, mas um é determinante para o nosso futuro. Estamos no breakeven político. Já não há mais espaço de manobra para falhar com as pessoas. E esta responsabilidade não é reservada, apenas, ao governo. Os líderes dos partidos da oposição, têm hoje a maior das responsabilidades.

A saúde não pode continuar a ser um campo das batalhas políticas e ideológicas. Já não temos mais tempo nem dinheiro. A transformação tem de ser agora.

Duas evidências. A primeira é que qualquer pessoa quando necessita de cuidados de saúde, procura qualidade e rapidez ao menor custo possível. Não é importante o tipo de prestador dos cuidados. Pode ser público, social ou privado. Desde que reúna estas características: qualidade, rapidez e gratuitidade. Simples.

A segunda evidência é que sem profissionais de saúde valorizados e respeitados, não temos cuidados de saúde. Simples.

Estas 2 evidências são verdades de La Palice. O desafio está em encontrar um equilíbrio entre as remunerações, competências e ambientes laborais seguros.

Porque acredito que agora será diferente?

Acredito porque conheço os decisores políticos e peritos da área, partilhei com eles as mesas de trabalho nas últimas semanas e posso comprovar que reúnem o necessário: conhecimento, habilidades e mais importante, a atitude certa.

Tenho a forte convicção que vamos desenhar e implementar políticas de saúde que valorizam os profissionais de saúde e mais importante ainda, que criem as condições necessárias para que volte a paixão pelo cuidar das pessoas. O dinheiro não resolve tudo, mas tudo custa dinheiro. É urgente perceber que na saúde, os profissionais são o investimento.

Estou profundamente convicto que o equilíbrio salarial será conseguido com compromissos a curto, médio e longo prazo, associados a critérios racionais, sérios e alinhados com as médias da OCDE (remuneração base/PIB). Este será, no meu entendimento, o melhor rácio para orientar as políticas salariais dos profissionais de saúde, de forma a evitar distorções na administração pública que provocarão, naturalmente, disputas, reivindicações e leilões irracionais e populistas.

Mas as remunerações são apenas uma parte da valorização dos profissionais. A evolução científica das ciências da saúde, capacitou os vários profissionais para um exercício clínico cada vez mais especializado, competente e diferenciado. Neste sentido, a escassez de recursos, impõe maximizar o potencial individual de cada profissional para o melhor resultado em saúde.

Não existem ganhos em saúde obtidos pela intervenção individual de apenas um profissional. Por este motivo, é obrigatório combinar de forma ótima as competências das equipas multidisciplinares, eliminando ou reduzindo ao máximo o desperdício, redundâncias e ineficiências de processos, que custam por ano, cerca de 3 mil milhões de euros. Este é o maior desafio do decisor político, das lideranças profissionais e dos gestores em saúde.

Exige-se responsabilidade. Verdade. Mas acima de tudo, Liderança.

Ricardo Correia de Matos

Ordem dos Enfermeiros