A atual instabilidade no preço dos combustíveis em Portugal e os sucessivos aumentos das últimas semanas levam-nos a olhar em maior detalhe para possíveis alternativas no que toca a soluções de mobilidade. Talvez se comece a pensar em trocar o carro a combustão por um elétrico, não obstante os aumentos que também se têm verificado nos preços da eletricidade no mercado grossista. É importante perceber que é exequível atingir independência energética, mas não é possível ser independente dos combustíveis fósseis.

O governo português anunciou recentemente dois incentivos à mobilidade elétrica: um apoio monetário no valor de quatro mil euros, face aos anteriores três mil euros, financiado pelo Fundo Ambiental, para a aquisição de um carro elétrico; e o apoio aos condomínios para a instalação de carregadores para carros elétricos.

Muito se tem discutido sobre este último ponto e sobre a obrigatoriedade de ligação à MOBI.E para ser possível obter este incentivo. Creio que devemos começar por perceber o contexto: instalar um posto de carregamento num condomínio não é, regra geral, fácil ou linear. Os motivos que tornam este processo moroso é que cada condómino quer instalar um ponto de carregamento na sua garagem ou lugar de garagem e, quando se pensa num cenário em que todos os condóminos terão a curto-médio prazo, um carro elétrico, torna-se inviável para a infraestrutura atual que cada fração possa instalar e usar o seu posto de carregamento.

Então, para ultrapassar esta questão, recorrem-se a postos de carregamento partilhados, que todos os condóminos possam usar, mas levantam-se outros problemas: quem paga o investimento e a energia é o condomínio? Ou o investimento e energia são pagos apenas pelos atuais detentores de veículos elétricos? Como se acertam contas de energia com cada condómino e como se aceitam que novos condóminos possam carregar no posto?

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Para resolver todas estas questões, pode-se adquirir um posto de carregamento privado, ligando o mesmo à MOBI.E e que todos podem usar, sendo que a energia é faturada a cada condómino — legalmente, para que a energia seja faturada a cada condómino é necessário que o posto de carregamento esteja ligado à MOBI.E. Acrescento ainda que o utilizador ou condomínio não terão que se preocupar em acertar contas ou contratar um software de gestão, pois está implícito nesta ligação. Melhor do que isso, podemos aproveitar este incentivo e permitir que a empresa para a qual trabalhamos possa pagar a nossa energia, à semelhança do que acontece na via pública ou nos combustíveis fósseis.

Na minha opinião, os incentivos devem aplicar-se também aos postos de carregamento que não estejam ligados à MOBI.E, no entanto, e dado que os equipamentos com capacidade para ligar à rede são usualmente mais onerosos, também me parece um bom avanço.

Adicionalmente, para além destes dois apoios anunciados, o governo vai também suportar a aquisição de outro tipo de viaturas de mobilidade elétrica, tal como skates, trotinetes, hoverboards, entre outros, através de uma nova categoria piloto.

Considero que este é mais um passo que contribui beneficamente para a mobilidade elétrica e que ajuda a que, aos olhos de todos nós, a mesma seja uma solução cada vez mais viável, tão prática e conveniente que a população sinta a segurança suficiente para transitar para um veículo elétrico.

Os portugueses já estão conscientes da importância de se migrar para soluções de mobilidade mais verdes e amigas do ambiente. Sabemos também que existe, junto da nossa população, um elevado interesse e predisposição para a aquisição de carros elétricos, então, cabe-nos utilizar estes incentivos do governo para realizarmos a transição para uma mobilidade mais verde.