28 de Maio de 2018. “Como brincar com bonecas agrava o risco de pobreza na velhice”. Para quem tivesse dúvidas sobre  a relação entre as brincadeiras das meninas e a sua pobreza futura enquanto mulheres, a notícia do PÚBLICO detalhava: “Mais escolarizadas do que os homens, as mulheres portuguesas estão em maioria na engenharia, na medicina, na magistratura. Mas, seja qual for a profissão, ganham sempre menos. A desigualdade de género, que chega a atingir os 600 euros, inculca-se no jardim-de-infância e redunda depois numa maior exposição à pobreza.”

Enfim concluir que brincar com bonecas agrava o risco de pobreza é tão válido quanto concluir que jogar futebol na escola diminui a esperança média de vida pois, como se sabe, os homens vivem menos que as mulheres. E o que fazem os homens enquanto rapazes no jardim-de-infância e na escola? Jogam à bola. Ora como se sabe os homens vivem menos seis anos que as mulheres. A esperança de vida aumenta mas nada faz desaparecer esta profunda desigualdade de género: as mulheres vivem em média mais seis anos que os homens. Quando nos anos 60 do século passado eles viviam 61 anos elas já chegavam aos 67. Agora que eles esperam viver 78 elas não ficam por menos de 84. Segundo a lógica da batata-discriminatória proponho o seguinte título tão verdadeiro quanto aqueles que todos os dias nos alertam para tantas outras discriminações: “A desigualdade de género inculcada no jardim-de-infância prolonga em seis anos a vida das mulheres”. É simplista não é?

Para o fim uma dúvida: a tal desigualdade de género, que chega a atingir os 600 euros, e que é inculcada no jardim-de-infância, redundando depois numa maior exposição à pobreza, só acontece por causa das brincadeiras com bonecas ou os unicórnios também contam? É que dada a proliferação desses animalejos sem graça alguma nas brincadeiras do lado feminino da família temo pelo impacto que isso venha a ter nas vidas dessas futuras mulheres.

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