O mês de Junho já conta alguns dias, a 58º Feira Nacional de Agricultura (FNA), cujo tema é a “Inovação e Tecnologia”, pretende dar a conhecer as alterações que a atividade agrícola irá ter com a aplicação das novas tecnologias, uma das questões mais relevantes para a modernização do sector.  Esta feira já vai quase a meio, contudo as respostas ao longo dos anos continuam por ser respondidas.

A agricultura nos últimos anos tem sofrido uma constante modernização tornando o sector mais competitivo e ágil.

Existem dados que não podem deixar de ser tomados em atenção. Em 1999 existiam cerca de 441 mil pessoas empregadas na Agricultura, silvicultura e pescas e em 2019 este número baixou para 251 mil, menos 43%. Mais preocupante vem do facto de 50,3% dos dirigentes agrícolas no nosso país terem mais de 65 anos de idade.

Com estes números quero tentar sensibilizar as pessoas, os decisores governamentais, da necessidade do nosso país se virar para o sector primário. Se a curto prazo não querermos ficar reduzidos a um ponto que a produção nacional dependa cada vez mais do exterior e deixando mais vulneráveis face a crises, guerras e/ou pandemias.

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A agricultura em Portugal, é em grande parte, mantida pela mão-de-obra de origem familiar.

A época mais movimentada está a chegar, as colheitas. É do conhecimento comum que a agricultura é normalmente sazonal, e nesse culminar são as colheitas, quando tudo complica ao nível da mão-de-obra necessária para terminar este ciclo. E complica porquê? Pois nem tudo é possível mecanizar e/ou automatizar como por vezes se faz crer de forma a tornar os números mais pequenos.

Aquando das colheitas todos sabemos que é necessária mais mão-de-obra, pois todos temos referência na juventude de ir nas férias do verão colher os frutos do trabalho árduo, com sol ou chuva, lá onde não há o conforto do escritório nas manhãs de geada.

Atualmente a motivação pessoal, em sede de IRS (Imposto Rendimento Pessoas Singulares) tem levado a que os jovens não tenham interesse em rentabilizar as suas férias. Além de ajudar, poderem ganhar algum dinheiro para fazer face as suas despesas pessoais. Pois ao declarar um rendimento, ficam sujeitos a perder bolsas de estudo ou outros complementos que são superiores ao valor recebido do trabalho. Isto leva a um ponto que vale mais estar sentado a espera do subsídio ou então, maior parte das vezes, trabalhar, mas sem declarar.

Estes dados que indico são um reflexo da demografia nacional, além de aqui também poder ser tida em linha de conta o desinvestimento no sector. E claro, cultural. A agricultura não é considerada como cool’.