Sou dos que olham para o novo ciclo político do PSD com otimismo.

Qualquer que fosse o partido de governo que tivesse de implementar o difícil Memorando de Políticas Económicas e Financeiras assinado por José Sócrates antes de abandonar o barco no estado em que hoje sabemos teria um momento difícil se, quando finalmente a economia retomasse, fosse substituído no governo por outro partido. E mais ainda se esse partido fosse especialista em anunciar o que vai fazer, mas nunca chega a acontecer, em vez de reformar quando o ciclo económico é favorável.

António Costa navegou com um barco reabilitado, já distante da bancarrota herdada do anterior governo que integrou e do qual fugiu a tempo. Assim como Fernando Medina, diga-se. Por isso o trabalho de Rui Rio seria sempre uma missão difícil. Teria de mostrar que havia vida e Partido para além de Pedro Passos Coelho e de construir uma alternativa para um país onde passado quatro anos o diabo não chegou. Fê-lo com legitimidade e à sua maneira. Pessoalmente, não concordei com a forma como não soube agregar o Partido, mas foi a sua forma de fazer, que respeito.

Infelizmente os resultados não foram satisfatórios. E o próprio percebeu isso no dia das eleições. A sua reação revela um homem revoltado por, após dois anos de dedicação, pressentir que o tempo do seu projeto político chegou ao fim, mesmo antes de Cavaco Silva o reforçar. Rui Rio foi o nosso líder, cumpriu num ciclo difícil a missão de transição do pós-Passos, e um Partido grande é um Partido grato aos seus. Obrigado Rui Rio.

No PSD é tempo de virar a página. Uma nova página geracional, dando novo protagonismo a uma geração que teve a sorte de crescer em Democracia, num mundo aberto e global, com acesso à educação, a licenciaturas, mestrados e doutoramentos. A uma geração que vive na tecnologia, para quem a terceira e quarta revoluções industriais (computação e inteligência artificial) são o dia-a-dia de um presente em contínua e acelerada transformação.

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O PSD precisa de um líder que conheça, que estude, que saiba gerir. Que consiga reagrupar o Partido em torno de um projeto alternativo para Portugal. Alternativo porque tem substância. Alternativo porque retoma uma base ideológica. Um novo líder que se apresente com uma matriz política clara.

Um líder para o País, mas igualmente preparado para o desafio autárquico de 2021. Com Lisboa na primeira linha, capaz de confiar uma nova visão para a cidade; para reconstruir o discurso urbano do PSD. Quem anda por Lisboa sabe o que digo desde quando fui eleito: Fernando Medina é um líder frágil, com um projeto político esgotado, que desperdiça os tempos fortes da economia.

Porquê então o meu otimismo?

Porque em 2021 podemos ter um forte projeto alternativo para Lisboa, seguramente.

Mas porque podemos ter também um forte projeto alternativo para o País. Porque entre os inúmeros quadros de grande qualidade com que me cruzo todos os dias no PSD, alguns figuras públicas, outros ainda menos conhecidos do grande público, de entre aqueles que têm a coragem de avançar para nos liderar a todos, há um que esta talhado para este novo ciclo político e para liderar Portugal: o Miguel Pinto Luz.