O tema da energia tem merecido uma maior atenção ao longo dos últimos meses devido ao aumento considerável do seu custo e ao peso que tem no elevador ambiental. A introdução de conceitos como a transição ou eficiência energética, bem como a geração distribuída, no discurso público e publicado, associada a uma estratégia global de combate às alterações climáticas, acelerou o desenho de modelos e de soluções técnicas que estão a revolucionar positivamente este setor.
As diretivas comunitárias são claras e os Estados membros têm um enorme desafio pela frente. Portugal já definiu o seu Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 e os sistemas de produção de energia proveniente de fontes renováveis, hoje normalizados, assumem nesse contexto um papel decisivo para termos energia limpa e mais acessível.
É neste enquadramento que se inserem as Comunidades de Energia. Um modelo que ainda carece de alguns ajustes que permitam torná-lo mais acessível, mas que é fundamental para a generalização da produção descentralizada de energia por sistemas solares.
Juntar produtores e consumidores numa “comunidade” é já por si positivo, tendo como ganho adicional as vantagens ambientais e económicas que resultam da produção de energia neste modelo.
Este é um desafio coletivo: para os consumidores que ainda estão a ganhar confiança em algo que é novidade/desconhecido/inédito; para as empresas que operam nesta área e que são a alavanca das comunidades; e para as entidades licenciadoras que se debatem com as habituais dificuldades em reduzir os tempos de resposta.
Estou convencido de que estes desafios serão ultrapassados com sucesso. A energia tem um peso e importância significativos na vida dos cidadãos e das empresas. O seu consumo tenderá a aumentar com a generalização dos equipamentos elétricos, e a nova geração de veículos movidos a eletricidade ou a digitalização são bons exemplos disso. A predisposição para encarar este tema com maior profundidade não pode depender apenas do aumento conjuntural do custo da energia – como foi o caso recente em consequência de uma guerra. É necessário olhar para este bem de consumo fundamental nas nossas vidas e encontrar as melhores soluções para que o tenhamos a um custo estabilizado e sem prejudicar o nosso ambiente.
As Comunidades de Energia assumem, neste contexto, um papel de relevo, pois colocam a produção de energia como objetivo de um grupo de consumidores, tornando o seu acesso mais democrático e independente e combatendo a pobreza energética, através da redução do seu custo. O desafio está lançado.