Depois de 30 anos ininterruptos de governos socialistas1 do ps/d, Portugal tornou-se um paraíso2 para os investidores estrangeiros3. A clara visão4 estratégica de sucessivos governos, foi capaz de dotar o país com um agradável clima, muitos areais à beira-mar, boa gastronomia tradicional e um gosto refinado pelo desporto rei, tudo isto, sem o nunca descurar de serviços públicos que funcionem admiravelmente, e de um sistema fiscal justo, sustentável e suportável. Fruto dessa excelência governativa, somos neste momento uma verdadeira potência mundial na atração de investimento em indústrias de ponta como o imobiliário, a hotelaria5, a restauração6, e o futebol7.

São estes os negócios que tem suportado o acelerado crescimento do emprego qualificado, e a invejável resiliência e sustentabilidade a longo prazo da nossa economia. Também são estes os negócios onde se conseguem lucros fantásticos (acima de qualquer comum unicórnio) e que permitem, através da sua (muito suave) tributação, manter urgências hospitalares onde abundam médicos e escolas onde nunca faltam professores, entre muitas outras maravilhas que nosso Estado a caminho do socialismo nos oferece.

No entanto, continua a haver (note-se que em Portugal não há falta de nada do que é bom) uma superabundância de pauperismo nos investimentos industriais, especialmente nos ligados às tecnologias sem track-record estabelecido, sem garantia de sucesso futuro e com elevado risco, como por exemplo, a Indústria 4.0 (incluindo a produção inteligente, a Internet of Things Industrial, a automatização), Biotecnologia (com a implementação dos recentes desenvolvimentos em genómica, medicina personalizada e tecnologias de edição genética como CRISPR-Cas9), Industria Aeroespacial e Aviação (incluindo produção de novos modelos de aviões supersônicos, tecnologia de drones e exploração espacial), entre outros.

As causas desta atratividade expandida até ao zero são conhecidas:

  1. Sistema fiscal muito vantajoso.
  2. Extrema facilidade processual na aprovação dos projetos
  3. Quadro legislativo claro e previsível.
  4. Numerosos empresários nativos com visão, talento, bem capitalizados e abertos a processos colaborativos em joint-ventures.
  5. Elevada atratividade para cérebros de obra qualificados.
  6. Elevada capacidade de fixação de mão de obra qualificada.
  7. Sistema judicial célere e fiável.

Ora, para o caso destas características não serem suficientes e com vista a expandir ainda mais a atratividade nacional para o investimento estrangeiro o governo cessante identificou & ativou uma potencialidade subaproveitada dos portugueses e do sistema económico nacional: o nacional habilidosismo.

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Este tipo de serviço, inexistente em qualquer outro país, e até recentemente inexplorado no nosso, permite ao governo dar garantias únicas aos investidores que nos procuram. Portugal passou a ser um país onde há sempre alguém disponível para ajudar a resolver problemas, onde há sempre um especialista que conhece um caminho alternativo e onde, acima de tudo, há sempre uma pessoa empenhada que conhece ou é amigo de um detentor de um cargo púbico, na presidência ou nos ministérios.

No entanto, antes de darem asas à imaginação os investidores estrangeiros devem estar conscientes de que para que este inovador serviço possa operar é necessário um pressuposto que devem garantir: o investimento deverá obrigatoriamente ser apresentado na comunicação social pelo governo, com elevada pompa e circunstância.

Após este anúncio não haverá nada que pare este projeto, nem burocracias, nem superiores interesses da nação, nada! Mesmo que não existam infraestruturas básicas que o suportem, ainda que o modelo de negócio seja incompreensível, mesmo que o plano de negócio seja assente em pressupostos duvidosos, ou não obstante que o modelo de financiamento seja pouco fiável. No nosso país, com um governo do ps/d, o investidor pode estar descansado, que os nossos governantes são verdadeiros amigos do investimento, e tudo farão para que o falhanço das iniciativas de investimento privado anunciados pelos poderes públicos, nunca sejam imputáveis ao incumprimento das promessas ou à incompetência desses poderes.

O nacional habilidosismo, tem outra atração: opera de forma discreta e informal, longe de salas de reunião cinzentas & enfumadas. Tudo se desenrola em insuspeitos, inócuos e baratos almoços ou jantares (o que demonstra a vantagem estratégica do massivo investimento na restauração de qualidade). Tais repastos são então marcados por alguém que conhece alguém, que depois vai falar com o amigo de quem consegue resolver o problema, para que lhe seja indicado qual o melhor caminho alternativo a usar no caso seja necessário contornar algum problema.

Note-se que para projetos verdadeiramente estruturantes e edificantes, o nosso governo oferece uma versão Premium deste serviço. Para o efeito, deve o investidor solicitar sua classificação como PINNO (Projecto de Interesse Nacional na Nossa Opinião). Esta versão Premium, disponibiliza ao investidor, ferramentas muito úteis para lidar com a existência de legislação excessiva ou inconveniente, excesso de zelo dos serviços públicos em a fazer aplicar, e ajuda mesmo a lidar com a desagradável presença de batráquios classificados & protegidos pela Agência Europeia do Ambiente que assola o nosso território.

Mas, e se o investidor não quiser beneficiar das nossas habilidades? E se o seu projeto for suficientemente credível? Ou, ainda, se não precisar do PINNO? Bom infelizmente não há nada a fazer, pois a habilidade dos nossos ministros é inata e não há como prescindir dela. Os membros dos nossos governos executarão o PINNO em seu favor, sob qualquer circunstância, pois o seu instinto não lhes dá outra alternativa. Como se costuma dizer, “está-lhes na massa do sangue”.

Desengane-se quem pensa que o nacional habilidosismo é uma forma de corrupção8 consciente e deliberada. O nacional habilidosismo é pelo contrário o corolário da reconhecida competência, elevada capacidade de planeamento (& de o superar caso seja conveniente), e da clara visão de futuro que os nossos governantes têm.

Há falta de melhor, resta-nos ser habilidosos…

Us avtores não segvew as regras da graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein as du antygu. Escreuew covmv qverew & lhes apetece. #EncuantoNusDeixam

  1. Socialismo: sistema social que elimina a cupidez da posse no campesinato, proletariado e pequena burguesia satisfazendo uma cupidez mais vasta na nomenclatura de acordo com a máxima de Warx “de cada proletário de acordo com as suas capacidades, para cada nomenclado de acordo que as suas necessidades”; sistema religioso niilista motivado pelo instinto para a autodestruição que assenta nas três abolições: da propriedade, família e religião (para detalhes, ver Igor Shafarevich, The Socialist Phenomena); a sua grande vantagem é que acaba sempre por se abolir a si mesmo.
  2. Paraíso: sítio para onde os maus, gananciosos e mentirosos vão, depois de Sua Santidade ter abolido o inferno; tradicionalmente, refugio para onde os que eram oprimidos pelos maus, gananciosos e mentirosos queriam ir para fugir ao convívio eterno com os seus opressores.
  3. Investidor estrangeiro: um vilão aceite de acordo com os vários e variáveis padrões de tolerância dos nossos governos, na medida da sua conformidade com o imutável padrão de presunção dos nossos ministros e com o mutável standard dos seus interesses pessoais.
  4. Visão: palavra que denomina a perceção quer do real, quer do fantasmagórico; quando aplicado a um detentor de um cargo público é sempre no segundo sentido & pretende transmitir conotações positivas, elogiosas & entusiásticas.
  5. Hotel: estrebaria temporária para humanos.
  6. Restaurante: posto de abastecimento de combustíveis para humanos onde ainda é comumente praticado um apartheid contra espécies de quatro e seis patas; para quando um projeto de lei do pan a proibir a discriminação feita pelos restaurantes contra as baratas, não lhes permitindo a entrada?
  7. Futebol: atividade que consiste em aproximar um pé de uma bola com o objetivo de afastar a bola do pé; operação de aproximar para afastar que representa simbolicamente toda a ação humana, seja amorosa, económica ou diplomática.
  8. Corrupção: um dos estádios de progresso ético e ascensão social que se atinge plenamente com a entrada para o governo da República e que é usualmente desenvolvido num noviciado numa autarquia; exercício de um cargo público que requer confiança política e provê lucro privado.