Desde pequeno que ouço o meu pai dizer este provérbio chinês.

Vivemos numa época onde o acesso à informação é tão simples, quanto o acesso à contra informação, por isso,  filtrar uma da outra, transforma-se, por vezes, num processo tão complexo. Nem sempre a base do nosso conhecimento assenta em pressupostos sustentáveis.

Há décadas que falamos da explosão demográfica e do consequente crescimento da atividade humana sobre os recursos naturais, como sendo a principal causa de degradação do ambiente e alterações climáticas.

O tempo passa e, apesar de avisos evidentes, continuamos a olhar para o “dedo”.

Também é verdade que o gigante chinês já despertou para o tema e uma das áreas onde decidiu investir forte foi na energia solar fotovoltaica, alcançando em 2017 potência instalada de 53GW.

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O investimento chinês acabou por ter um outro efeito, pois impulsionou a produção mundial e contribuiu decisivamente para o aumento do desenvolvimento e fiabilidade dos equipamentos, bem como diminuição do preço dos mesmos.

Em Portugal continuamos a sentir muita resistência por parte de quem não está devidamente esclarecido e apresentado ao tema. E não é razão para menos. Com taxas de juro da banca nulas, apresentar soluções de investimento às empresas com rentabilidades de 20% a 30% em poupança de energia, (através da produção de energia fotovoltaica), pode ser encarado como “quando a esmola é demais o pobre desconfia.”

Além da tradicional desconfiança portuguesa, a dificuldade em perceber o modelo de negócio, pensando tratar-se de um wishful thinking, e razões de estética, são outros argumentos à resistência.

Se no primeiro, uma contraproposta de sermos nós a investir e pagarmos para usar as coberturas desarma qualquer potencial desconfiado, perceber o modelo – produzirmos a energia que precisamos em vez de a pagarmos à rede – depende do real interesse de quem nos está a ouvir.

Relativamente à questão estética, considero que a perspectiva deve sempre depender da forma como queremos estar e ver o mundo. Não nos devemos deixar influenciar por estereótipos que não promovam o desenvolvimento e produção de energia fotovoltaica com benefícios económicos, ambientais e sociais.

O cientista Guy McPherson diz que “se acha que o ambiente é menos importante que a economia, experimente conter a respiração enquanto conta o seu dinheiro”. Na verdade, mesmo que consideremos que o retorno de investimento em 4 anos pode não encaixar nas metas orçamentais a que nos propomos, não fará sentido para um futuro mais sustentável dos nossos filhos e netos?

Já é hora de deixarmos para as próximas gerações algo mais que dívida, seja ela financeira ou ambiental.

Ah! E já que estamos numa de provérbios, na hora de decidir, é importante lembrar: O barato sai caro!

Sócio Boa Energia