A catástrofe eleitoral que se abateu sobre o CDS no passado dia 30 de Janeiro, só terá sido uma surpresa para quem andasse distraído. E não seria uma representação parlamentar reduzida para um ou dois deputados que iria fazer baixar o grau de destruição do relevante património político construído ao longo dos 47 anos de existência do partido. Apesar de haver responsáveis directos pelo descalabro que se verificou, não é hora para ajustes de contas, nem para afiar lâminas. A bem da verdade, além dos responsáveis directos há também os responsáveis indirectos que, mal ou bem, seremos todos nós, os militantes do CDS que ajudamos, ou não impedimos, que o caminho que nos trouxe até aqui fosse percorrido.

Mas aqui chegados, o que importa é olhar para a frente e responder a duas questões fundamentais: a primeira é sabermos se o CDS tem futuro? E a segunda, caso a resposta à primeira seja positiva, será a de saber quem está em melhores condições para liderar o renascimento do partido?

Para responder à primeira questão é preciso, desde logo, saber se o CDS faz falta a Portugal. Não vejo outra resposta possível que não seja, FAZ. Não deixou de ser curioso ver as reacções generalizadas de estupefacção e de algum constrangimento, vindas de diferentes áreas politico-ideológicas, quando ficou clara a morte parlamentar do CDS e as consequências daí advenientes, não só para o partido, mas para o próprio ecossistema político português.

O CDS ocupa um lugar único no panorama partidário em Portugal. É um partido de centro-direita, democrático, humanista personalista, que acredita, como diz a Declaração de Princípios, que este é o melhor caminho através do qual se procura combater a exploração e a opressão do homem pelo homem. Não há mais nenhum partido político que possa reclamar esta condição. É fundamental que este posicionamento ideológico tenha uma voz forte, activa e interventiva na política do nosso país. A contribuição do CDS para a consolidação da democracia em Portugal não é só algo do passado, mas uma pedra basilar para o futuro. A experiência acumulada, os excelentes quadros que ao longo destes 47 anos contribuíram para o desenvolvimento do país, o capital humano que apesar do desaire se mantem no partido ou não sendo filiado com ele quer colaborar, constituem garantia que há lugar para um CDS relevante no panorama político nacional.

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Respondida esta primeira pergunta, concluindo-se que há futuro para o CDS, resta saber quem está em melhor posição para devolver ao país um partido fundamental para o espectro democrático.

O CDS precisa de alguém que tenha um conjunto de ideias e de propostas para o país baseadas na matriz ideológica do partido, mas que as saiba comunicar de forma perceptível para os cidadãos. Só assim se poderá readquirir a credibilidade que se perdeu e ganhar a visibilidade que de outra forma será cada vez mais diminuta. Precisa de alguém que esteja realmente comprometido em promover a união dentro do partido e a apresentar uma equipa que junte o melhor que o partido tem, complementando-a com pessoas que mesmo que externas ao CDS aportem qualidade e constituam uma mais valia para os grupos de trabalho que inevitavelmente terão que existir. Alguém que aproveite a sabedoria e a experiência que existe dentro do CDS, mas que a mescle com novas pessoas com novas ideias, novas mundividências, novas experiências de vida, de saber, de fazer. Só assim se poderá construir uma base sólida em que um número significativo de portugueses não só confie, mas se reveja, ao invés de um partido consumido em lutas internas que nada interessam ao eleitorado e fazem com que a mensagem não passe de todo.

Feito este retrato do candidato ideal face ao momento que o partido vive, surge naturalmente o nome de Nuno Melo. É o único deputado (eurodeputado) do partido, o que só por si garantirá uma visibilidade que qualquer outro candidato, por muito válido e respeitável que seja, não consegue garantir. E isto, neste momento, vale ouro. Por outro lado, a forma como no pós-eleições legislativas, na fase mais difícil do partido, se apresentou para tomar em mãos uma tarefa hercúlea, merece todo o crédito. E fê-lo assumindo a tarefa para si, sem desconhecer as dificuldades que o partido atravessa, mesmo de ordem financeira, sem deitar as culpas para ninguém, dizendo expressamente que quer ser a ponte, não quer ser a barreira. E isso merece todo o crédito. Constituiu grupos de trabalho, com pessoas do partido e fora do partido, que deram o melhor de si para construir uma moção de estratégia global para apresentar no Congresso dos próximos dias 2 e 3 de Abril, e que servirá de guião para a acção política nos próximos anos, contendo 16 linhas gerais programáticas. E isso merece todo o crédito. Manterá em funcionamento estes grupos de trabalho de forma a prestarem um apoio constante aos órgãos decisores do partido e de molde a que as propostas e soluções apresentadas aos portugueses sejam coerentes, fundamentadas, perceptíveis e sobretudo exequíveis. O Nuno Melo consegue preencher com sucesso todos os pontos que supra mencionei como sendo essenciais para que o próximo presidente do partido tenha sucesso, e com ele o partido e, consequentemente, Portugal.

Por estas razões entendo que o caminho para que o CDS possa renascer das cinzas passa pela proposta apresentada pelo Nuno Melo, pelo que no Congresso não hesitarei em apoiá-lo.

Em boa hora e praticamente pelas mesmas razões que deixei aqui explanadas, a Comissão Política Concelhia do Porto, da qual tenho a honra de ser vice-presidente, aprovou por larga maioria o seu apoio ao candidato Nuno Melo.

Resta agora ao Congresso decidir e que no dia 3 de Abril comece uma nova era, um novo fôlego, uma nova vida para o CDS.