A companhia mais icónica da história da aviação, será sem dúvida a PAN AM. Companhia americana do tempo do glamour das viagens aéreas, nasceu em 1927 e findou ingloriamente em 1991. A história desta grande companhia é elucidativa de que a indústria da aviação – independentemente da melhor ou menos boa competência dos seus gestores – vive sempre entre dois condicionalismos: a moda de viajar e o medo de viajar. A moda puxa-as para cima. O medo puxa-as para baixo.
A PAN AM foi das primeiras companhias a utilizar, em 1968, o Boeing 747, avião que podia transportar mais de 400 pessoas, modelo que ainda hoje se encontra a voar. Adquiriu-os em grande número. Com a inesperada crise do petróleo dos anos 70, os 747 começaram a voar vazios e o presidente da companhia foi despedido. Sem ter para onde se virar, o novo presidente gastou 400 milhões de dólares para ter acesso às rotas domésticas americanas. Meses depois, o governo americano liberalizou o mercado interno e a PAN AM descobriu que pagara uma pipa de massa por algo que afinal poderia ter conseguido de graça. O novo presidente da companhia foi, claro, despedido. Em 1977, um outro 747 da PAN AM esteve envolvido (sem culpa da sua tripulação) num acidente em Tenerife, que custou a vida a 600 passageiros dos dois aparelhos envolvidos no desastre. É ainda o acidente com maior número de vítimas de sempre. Com tanta publicidade negativa, chega-se aos anos 80 e a PAN AM começa a vender rotas, aviões e a acumular dívidas. Como não podia deixar de ser, já adivinharam, o presidente da companhia foi despedido. Quando um outro presidente ainda mal começava o mandato, em 21 de Dezembro de 1988, vítima de um atentado, mais um 747 da companhia caiu sobre Lockerbie na Escócia, matando todos os seus ocupantes. A tragédia destruiu a última chance de recuperação da PAN AM. Na verdade, nessa época ainda não tinha chegado a moda de toda a gente viajar para toda a parte e a todo o tempo e o medo, esse sim, voou mais alto e ninguém queria entrar num avião da PAN AM. O último acto deste rol de azares, foi a Guerra do Golfo, em 1991, que reduziu a frequência a números insustentáveis.
Sem capital e sem passageiros, a PAN AM foi declarada falida a 4 de dezembro de 1991.
No tempo em que os homens usavam chapéu, mais ou menos até à década de 1940, isso era de tal modo impositivo, que até os automóveis tinham o tecto alto, de forma a que o uso de chapéus dentro das viaturas fosse possível. Como todas as modas, também esta se foi. Passou a ser aceitável a visão de um homem sem chapéu. Consta que em 1961, Kennedy foi o primeiro presidente a recusar usá-lo.
Os chapéus passaram a ser vistos como uma formalidade ultrapassada, deixaram de ter compradores e os maiores fabricantes foram fechando.
Conta-se que no último voo da PAN AM, o comandante do avião terá pedido à torre para autorizar um voo rasante na pista, como despedida e acto de homenagem final a uma grande companhia.
Uma cena destas, que puxaria à lágrima, o Estado não quis ver nos céus de Portugal. Mas de facto, sentimentos à parte, tudo indica que o Governo acaba de comprar uma fábrica de chapéus para homem. Como diria Indiana Jones, e ele até usava chapéu, é um salto de fé.