A Biodiversidade é um dos elementos mais surpreendentes que existe no nosso mundo! Muitas vezes apelidada da “teia da vida”, é fascinante como todas as espécies trabalham em conjunto para sustentar a vida e o equilíbrio ecológico na Terra e, por isso, a perda de biodiversidade é muito mais do que “apenas” a extinção de espécies raras, como rinocerontes ou tigres.

Atualmente, existem mais de 15 mil espécies na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), com mais de 44 mil espécies ameaçadas de extinção. A maior ameaça? As atitudes do Homem. É, precisamente, por isto que urge que todos repensemos as nossas ações, até porque está em risco a própria vida humana.

Os balanços anunciados pela World Wildlife Fund (WWF) são catastróficos: nas regiões tropicais as populações de vertebrados monitorizados estão a cair a um ritmo alucinante; os animais selvagens da região da América Latina e das Caraíbas caíram, em média, 94% em menos de 50 anos; existe também menos 83% das populações de água doce; e Portugal tem a sua quota parte de responsabilidade e foi  2º país que mais exportou carne de tubarão, contribuindo para a redução em 71% de tubarões e raias em apenas meio século.

A certeza é só uma: a Vida Selvagem está a diminuir e, se não se definirem rapidamente medidas políticas e ambientais, o declínio da Biodiversidade vai acentuar-se, afetando todas as espécies incluindo a humana.

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Aliás, as alterações climáticas e a perda de biodiversidade não são apenas questões ambientais. São questões económicas, de desenvolvimento, de segurança, sociais, morais e éticas. Os países industrializados são os maiores responsáveis pela degradação ambiental, mas são as nações economicamente emergentes que são desproporcionalmente impactadas pela perda de biodiversidade.

Fenómenos climáticos extremos, incêndios de grande dimensão, secas prolongadas e o surgimento de novas doenças são apenas alguns dos sinais de alerta que se multiplicam, evidenciando o perigoso desequilibro da relação entre as pessoas e o nosso planeta.

As plantas e os animais têm eventos de vida anuais, como a reprodução ou floração, que ocorrem como se de um relógio se tratasse: os pássaros migram, os mamíferos hibernam, as flores desabrocham e as folhas mudam de cor. Nestes casos, as espécies são afetadas por fatores não biológicos como a temperatura, a precipitação e a luz solar disponível, o que, lentamente, tem vindo a interromper os “tempos da natureza”. Com temperaturas mais quentes, as plantas florescem no início do ano e as aves migratórias estão a retornar dos seus locais de inverno antes do início da primavera, impactando outras espécies da sua cadeia alimentar e comunidade. “Aniquilação biológica” foi a denominação utilizada, em 2017, por cientistas, sendo que, muitos deles, também afirmam que a Terra está a entrar no seu sexto evento de extinção em massa.

Na mais recente publicação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN)  “Declaração de Posição sobre o papel dos Jardins botânicos, aquários e zoos na Conservação das espécies”, é reconhecido que os parques zoológicos contribuem significativamente para a conservação das espécies, mas este papel é muitas vezes subvalorizado, pouco conhecido e mal compreendido. Este Documento é vital para o reconhecimento global do papel obrigatório que os Zoos desempenham diariamente na Conservação das Espécies. Os parques zoológicos e aquários não substituem a ação na natureza, mas os projetos de conservação de campo (in-situ) funcionam como grandes bases e apoios fornecidos na sua maioria pelos Zoos, que podem fazer uma enorme diferença para salvaguardar o futuro. Também a Educação é um dos principais pilares nos zoos modernos e, deste modo, tem de ser integrada na sua estratégia organizacional, de modo a sensibilizar e informar a comunidade.

Integrado na Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, o Zoo Santo Inácio vai realizar diversas ações em linha com alguns dos 17 objetivos traçados, com destaque para “Proteger a Vida Terrestre”, com o intuito de proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres e travar a perda de biodiversidade. Assim, ainda em 2024, os visitantes do Zoo Santo Inácio vão contar com dois espaços de sensibilização educativa para a Preservação dos Ecossistemas, focado na necessidade de manter e reproduzir espécies autóctones e nos efeitos da caça e tráfego ilegal de animais.

Mas e o que podemos fazer no nosso dia a dia para não levarmos a Terra à sua extinção?

Muitas vezes achamos que só grandes gestos terão impacto, mas as nossas pequenas ações quotidianas, por mais pequenas que sejam, fazem a diferença! Preocuparmo-nos em procurar informação e tomar decisões mais amigas do ambiente, como o tipo de embalagens, as produções sustentáveis, os consumos de energias, a redução de materiais não essenciais, a reutilização de artigos para outros fins, a reciclagem e o reaproveitamento de produtos, ou até mesmo criar e manter espaços verdes ou apoiar  instituições que trabalham em prol da preservação.

Se devemos fazer tudo de uma vez? Como se costuma dizer “um passo de cada vez”. Somos muitos. Se cada um fizer um bocadinho, todos juntos teremos, garantidamente, um impacto enorme!