O ministro da Justiça alemão, Heiko Maas, deu esta segunda-feira uma entrevista ao Financial Times (FT), na qual deixou um aviso muito claro dirigido à Google: a empresa deve tornar público o algoritmo que lhe permitiu criar o eficiente motor de busca que monopolizou as pesquisas informáticas. De acordo com o governante alemão, trata-se de uma questão de transparência.

“No final, trata-se de perceber o quão transparentes são os algoritmos que a Google utiliza durante as pesquisas informáticas. Quando um motor de busca tem o impacto que a Google tem no desenvolvimento económico, esta é uma questão que tem que ser tratada”, explicou ao jornal norte-americano.

O algoritmo criado pela Google, motivo de inveja para a concorrência, é a receita secreta da empresa norte-americana e foi o que permitiu obter o monopólio das pesquisas online. Os críticos, explica o FT, consideram que as fórmulas utilizadas são manipuladas de maneira a prejudicar a concorrência, que quer arranjar uma maneira de responsabilizar a Google. Por sua vez, o gigante norte-americano considera que esse grau de transparência tornaria o motor de busca alvo de spam e faria com que os seus concorrentes tivessem acesso às suas estratégias comerciais, algo que qualquer empresa quer manter no segredo dos deuses.

A Alemanha é um dos países europeus que tem tentado restringir a presença da Google nos mercados europeus. Heiko Mass, que também é responsável pela proteção do consumidor, considera que a influência da empresa norte-americana é “excecional”. Na Europa, a empresa tem uma quota de mercado superior a 90%, em comparação aos 68% que tem nos Estados Unidos.

“Acredito que o poder que a Google tem sobre os consumidores e os operadores de mercado é extraordinário. Temos de pensar nas precauções a tomar para que não haja um abuso de poder”, disse, acrescentando que, caso não seja possível encontrar uma solução consensual, Berlim pode, em “último recurso”, pedir a desagregação da empresa.

Recorde-se que na nova Comissão Europeia de Jean-Claude Juncker a pasta da economia digital foi entregue a um alemão, Gunther Oettinger.

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