Amal Alamuddin, Clooney por casamento, tem mostrado ao mundo como o poder mediático pode ser usado para chamar a atenção das causas que defende. Amal não é apenas uma mulher bonita casada com um ator famoso. É também uma mulher culta e profissional, cuja imagem muitas marcas de moda aproveitam na tentativa de se afastarem da frivolidade.

Mas a popularidade da advogada especializada em direitos humanos tem um reverso: as causas que defende acabam por passar para segundo plano. Foi o que aconteceu na sua última deslocação às Maldivas.

Amal Clooney integra a equipa de advogados que está a tratar da defesa do ex-presidente Mohamed Nasheed, preso desde março passado depois de ser deposto com uma arma, como tem sido denunciado pela Amnistia Internacional a organizações internacionais como a ONU. O caso de Mohamed Nasheed é um dos muitos que não chegou às primeiras páginas dos jornais. Eleito presidente em 2008, depois de ganhar as primeiras eleições democráticas nas Maldivas, declarou que o país seria independente de fontes de energia fósseis em apenas uma década.

Nasheed tem posições ambientalistas vincadas e promoveu o desenvolvimento de energias verdes, como a solar e a eólica. Com o documentário “O Presidente da Ilha” (The Island President) de 2011, sobre os seus esforços para fazer face ao aumento do nível do mar, tornou-se um  herói da luta pelas alterações climáticas. Mas a visibilidade que alcançou não agradou aos políticos e militares que mantiveram a ilha sob uma ditadura camuflada durante três décadas e que fizeram todo o possível para fazê-lo cair. Mohamed Nasheed demitiu-se em 2012, segundo afirma, coagido por uma arma, o que a oposição nega. Durante o seu mandato, ordenou a prisão de um poderoso juiz do antigo regime acusado de corrupção. O novo governo acusa-o de terrorismo por esta prisão e condenou-o a 13 anos de prisão.

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Amal Clooney tem usado a sua popularidade para trazer o caso  do seu cliente para agenda mediática. Para além de escrever em sua defesa na imprensa anglo-saxónica, na segunda-feira desembarcou na capital, Male, para prosseguir com o processo judicial pela libertação de Nasheed.  Quando aterrou  no aeroporto internacional Ibrahim Nasir foi recebida como uma estrela de cinema, algo a que a advogada já está habituada.

Na semana anterior, quando Amal aterrou no Egito, a recepção foi semelhante. Amal deslocou-se ao Cairo como advogada de defesa de Mohammed Fahmy, um dos três jornalistas da Al Jazeera acusado de difundir material de televisão “nocivo” para o Egito. Fahmy foi sentenciado a três anos de prisão. Mas o frenesim mediático que se gerou deveu-se mais à presença da advogada do que ao resultado do julgamento. Mas Amal Clooney não se intimida com a pressão dos holofotes e utiliza a sua exposição para transmitir mensagens para além da mera frivolidade mediática. “Os juízes no Egito estão a permitir que os tribunais se tornem instrumentos de opressão política e propaganda”, disse Amal na sequência da condenação do seu cliente.

Meses antes, a sua presença  na Grécia foi também amplamente mediatizada. Amal assessorou o caso dos mármores do Pártenon que os gregos reclamam à Grã-Bretanha. No entanto, o país que se encontra mergulhado numa grave crise, acabou por abandonar as suas reivindicações.

Antes de conhecer Clooney, Amal Alamuddin tornou-se conhecida por ter defendido Julian Assange. No entanto, depois do casamento com um dos atores mais conhecidos do mundo, a sua exposição mediática aumentou exponencialmente.  E Amal Clooney  tem usado o seu poder mediático para chamar a atenção das causas que defende.