Continua o impasse na Catalunha. Se a esquerda continuar a bloquear a formação de governo, o líder da coligação Junts pel Sí – que é ainda o presidente em funções – irá marcar novas eleições. O prazo é a próxima segunda-feira de manhã, anunciou Artur Mas esta terça-feira, em conferência de imprensa. Se até lá a esquerda não recuar, Mas irá assinar o decreto que agendará nova ida às urnas, provavelmente, para o próximo dia 6 de março.

Artur Mas atacou fortemente a esquerda independentista que não o apoia: acusa-a de sectarismo e de ser incapaz de alcançar consensos. Não o apoiar, acusa, é um “erro de proporções gigantescas“. Isto porque, segundo o líder da Junts pel Sí, a Candidatura de União Popular (CUP) não compreende que “converter a Catalunha num Estado exige somar – não subtrair -, incluir – não excluir – e votar – não vetar”, explica Artur Mas, em declarações citadas pelo jornal El Español. Ou seja, exige a união de todos os que querem a independência da região.

“O que impera é o espírito revolucionário”, lamentou-se ainda Artur Mas, que avisa a CUP que “só com quem quer a revolução das super esquerdas não chegaremos nem à [próxima] esquina, quanto mais à independência catalã”. O prazo é curto. “Até segunda-feira [ainda] há tempo”, sublinhou Mas, ainda que sem esperança de que a CUP recue, relata o El País.

A Candidatura de União Popular (CUP) recusou apoiar o nome de Artur Mas para líder do governo catalão e propôs à coligação Junts pel Sí que apresentasse outro candidato – um candidato cujo partido faça parte da coligação, mas que, ao contrário do que acontece com Artur Mas, não pertença à Convergência Democrática da Catalunha, uma das 4 forças políticas que a integram. Mas a decisão não é consensual. Exemplo disso é a demissão do cabeça de lista da CUP, Antonio Baños.

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A razão para a recusa do nome de Artur Mas deve-se, segundo afirma a CUP, ao facto de o histórico ex-líder da Convergência Democrática da Catalunha, Jordi Pujol, ter sido acusado em 2014 de fraude fiscal e lavagem de dinheiro. Devido à acusação, a CUP exigia que da coligação saísse um candidato de um dos restantes partidos – e há mais 3 na coligação, a Esquerda Republicana da Catalunha, os Democratas da Catalunha e o Movimento de Esquerdas. Ou seja, pretendiam que dos 3 restantes partidos (dois de esquerda, um de centro-direita) saísse um candidato à presidência da Catalunha. Artur Mas não cedeu, pelo que, se a CUP não recuar, teremos novas eleições em março.

A coligação independentista Junts pel Sí foi a força política mais votada das eleições catalãs de 27 de setembro de 2015: alcançou 39,59% dos votos. A segunda força mais votada foi o Ciudadanos (com 17,90% dos votos), que recusa a independência da região – assim como o Partido Popular, que obteve 8,49% dos votos, ou os socialistas da Catalunha, que obteviveram um resultado de 12,72%. A CUP obteve 8.21% dos votos – menos do quádruplo da coligação Junts pel Sí.

Texto editado por Filomena Martins