Apesar de toda a sua sofisticação e de algum vanguardismo, o eléctrico com extensor de autonomia a que a Opel decidiu chamar Ampera não foi dos seus modelos mais populares. Mas não significa isso que a divisão europeia do Grupo General Motors (GM) tenha perdido de vista a vertente eléctrica do automóvel. Bem pelo contrário!

E os factos estão aí para o demonstrar. Já em Janeiro passado, na última edição do Salão de Detroit, a Chevrolet havia revelado um novo automóvel compacto totalmente eléctrico, o Bolt EV. E, tal como o Ampera original era o “primo direito” do Chevrolet Volt de então, nada mais simples do que regressar ao tema no Velho Continente com uma versão europeia do Bolt EV, comercializada sob a égide da Opel.

Por isso, surge agora a confirmação oficial de que, a 1 de Outubro, no Salão de Paris, vai ser apresentado ao público o modelo que permitirá à Opel avançar significativamente no caminho da mobilidade eléctrica. De seu nome Ampera-e, monta uma motorização de elevado desempenho, a mesma utilizada pelo seu “primo” norte-americano, com 200 cv de potência e um binário máximo de 360 Nm.

O Ampera contará ainda com uma tecnologia de baterias anunciada como pioneira e capaz de proporcionar uma autonomia substancialmente alargada, por comparação com a oferecida pela maioria dos restantes automóveis eléctricos do mercado. A Opel apenas adianta que o módulo da bateria estará instalado sob o piso do habitáculo, nada referindo de concreto sobre a autonomia real que este será capaz de garantir.

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Contudo, valerá a pena referir que, no Bolt EV, a bateria de iões de lítio enriquecidos com níquel pesa 440 kg e conta com 60 kWh de capacidade, prometendo mais de 300 km de autonomia – antevendo-se que as coisas não deverão ser muito diferentes no Ampera-e. Ao mesmo tempo, num carregador rápido, esta bateria é capaz de, em 30 minutos, acumular a energia suficiente para garantir uma autonomia de cerca de 140 km, e de recuperar 80% da sua capacidade no espaço de uma hora – com a recarga total a poder ser efectuada numa tomada de corrente doméstica, nomeadamente durante a noite.

Objectivo do novo Ampera-e é, igualmente, viabilizar a mobilidade eléctrica numa utilização diária, sem prejuízo do prazer de condução. O elevado rendimento do motor para tal contribuirá de modo decisivo, já que o modelo anuncia apenas 3,2 segundos nos 0-100 km/h e 4,5 segundos na recuperação 80-120 km/h (para a aceleração 0-100 km/h não foram anunciados valores, mas o Bolt EV promete aqui menos de 7,0 segundos, o que não deixa de ser um excelente registo). A velocidade máxima andará na casa dos 150 km/h.

Mas a integração das baterias na plataforma do veículo, sob o habitáculo, acarreta outras vantagens, nomeadamente em termos de habitabilidade e capacidade da bagageira, segundo a Opel comparáveis às de um modelo do segmento dos familiares compactos (ou seja, o Astra) e suficientes para albergar cinco passageiros e respectivos pertences.

Domínio em que o Ampera-e também promete brilhar é no da conectividade, por ser capaz de estar ligado digitalmente, e em permanência, ao mundo exterior. É que entre os seus atributos incluem-se as mais recentes gerações do sistema de infoentretenimento IntelliLink (já compatível com Apple CarPlay e Android Auto) e do sistema de assistência em viagem e em emergência OnStar – este último integrando um hotspot wi-fi apto a garantir a ligação à Internet de até sete dispositivos.

Resta saber se, à semelhança do Bolt EV, o Ampera-e também oferecerá soluções personalizadas para a gestão da condução. Por exemplo, o cálculo da autonomia real em função do destino, das condições de tráfego, do clima, do relevo e dos próprios hábitos e estilo de condução do utilizador. Ou a App para gestão remota de algumas funções do veículo. Ou, até, a ligação Bluetooth de baixo consumo, capaz de estabelecer ligação ao smartphone do condutor mal este esteja no seu raio de acção, assim dando início à pré-climatização ainda antes de este subir a bordo, ao mesmo tempo que lhe envia informação sobre o estado da bateria e sobre a autonomia, entre outras.