É já esta terça-feira que os norte-americanos vão votar para escolher o sucessor de Barack Obama, naquela que é provavelmente a eleição mais controversa da história do país. De um lado, Donald Trump com o seu discurso polémico. Do outro, Hillary Clinton com os seus emails polémicos. O sistema eleitoral norte-americano, com meandros complicados, pode até ditar que não fique já um vencedor definido esta terça-feira. Mas, afinal, como vai ser a noite dos americanos (e de todo o mundo)? O Financial Times dá uma ajuda.

Às 23h fecham as urnas no Indiana e no Kentucky, dois estados que, tudo indica, deverão dar a vitória a Trump. O candidato republicano deve levar destes dois estados um conjunto de 20 ‘grandes eleitores’ republicanos para o Colégio Eleitoral.

A seguir, à meia-noite, fecham as urnas na Florida, Virginia, Georgia, Carolina do Sul e Vermont. É aqui que vai começar a decisão. Carolina do Sul, tal como o Kentucky, por exemplo, fazem parte dos chamados safe states republicanos (estão, à partida, garantidos para Trump), e os eleitores do Vermont darão a vitória a Hillary. É na Florida e na Virginia que as coisas se complicam. São dois dos conhecidos swing states e só mesmo por esta hora é que saberemos para onde cai o voto destes estados.

Meia hora depois, às 00h30, fecham as urnas no Ohio, na Carolina do Norte e na Virginia Ocidental. Este último estado está quase garantido para Donald Trump, mas no Ohio e na Carolina do Norte ainda está tudo por decidir.

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À 1h00 haverá um avanço significativo no processo, já que é a esta hora que fecham as urnas em 16 estados. Quase todos os estados que fecham a esta hora são considerados safe states, e deverão dar um grande impulso na votação de cada um dos candidatos. É na Pensilvânia que se prevê a maior batalha, já que foi uma das grandes apostas de Hillary Clinton na campanha. Tem sido habitualmente um estado garantido para o lado dos democratas, mas de forma renhida.

Uma hora depois, às 2h00, é a vez de mais uma série de estados fecharem as urnas. É por esta altura que Hillary Clinton deverá ganhar uma série de assentos no Colégio Eleitoral, com o fecho das urnas em Nova Iorque e New Jersey.

Às 3h00 fecham as urnas no Arizona, Idaho, Montana, Nevada e Utah. São sobretudo estados com tradição republicana (exceto Nevada), e é muito provável que as vitórias sejam, aqui, para Trump. Ainda assim, o estado do Arizona está a ser mais disputado este ano do que anteriormente.

Às 4h00 chega o maior impulso à candidatura democrata. É a esta hora que fecham as urnas na Califórnia, com 55 assentos no colégio eleitoral. Este estado sempre foi democrata e tudo indica que Hillary Clinton também vencerá aí este ano. Os estados de Washington e Oregon, igualmente democratas, também fecham a esta hora, deixando Hillary com 74 ‘grandes eleitores’ garantidos a esta hora.

O Alasca e o Havai são os últimos estados a fechar as urnas. É às 5h00, e é expectável que, por esta altura, já haja um vencedor. É tempo para os discursos de agradecimento.

Mas pode não ser assim. Se nenhum dos candidatos conseguir obter 270 ‘grandes eleitores’, é a Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) quem decide.

O (complicado) processo eleitoral dos EUA

Ao contrário do que acontece na maioria dos países (como Portugal), os eleitores norte-americanos não votam diretamente nos candidatos a Presidente. Nos EUA, o voto acontece em duas fases: primeiro com toda a população, e depois com os chamados ‘grandes eleitores’.

Cada partido apresenta uma lista de ‘grandes eleitores’ por estado. Os cidadãos, ao votarem, estão na verdade a escolher quais os ‘grandes eleitores’ que deverão ir ao Colégio Eleitoral. Cada estado tem direito a um determinado número de assentos no Colégio Eleitoral — num total de 538.

No dia 19 de dezembro, os ‘grandes eleitores’ de cada estado reúnem-se nas capitais respetivas e votam nos nomes que querem para Presidente e vice-Presidente. O que acontece em quase todos os estados é que o partido vencedor tem direito à totalidade dos grandes eleitores desse estado. Apenas em dois estados — Maine e Nebraska — os ‘grandes eleitores’ são escolhidos proporcionalmente aos votos populares.

O grande objetivo de cada um dos candidatos é garantir pelo menos metade dos ‘grandes eleitores’ — ou seja, assegurar uma combinação de vitórias em estados que lhes assegure pelo menos 270 votos no Colégio Eleitoral.