Bruno de Carvalho foi a ausência mais notada em Arouca este domingo. Não estava no banco, nem estava na bancada. Mais: nem sequer no país, depois de ter viajado para Angola (mais em baixo já explicamos porquê). Por isso, houve uma parte do falatório habitual que nem chegou a acontecer – o reencontro com Carlos Pinho, homólogo arouquense que entretanto já teve outro arrufo de túnel, na deslocação a Braga. Mas há uma que continua viva: ora se o presidente do Sporting diz que enquanto estiver castigado não vai aos estádios, o que faz nesses dias? Coisas é o que não lhe faltam. Nem que tenha de arranjar qualquer coisa para fazer… sempre ligado ao clube.

Recuemos até 2013, altura em que assumiu a presidência: de onde veio a ideia de ir para o banco de suplentes, prática que não era comum a qualquer líder dos leões há duas décadas? Na sua ótica, é um pouco a mesma coisa que fazia quando estava ligado ao ramo da construção civil – para perceber como funcionava e como estavam os trabalhadores, passava muitos dias com eles. No futebol, é igual: prefere o banco às bancadas, neste caso à tribuna presidencial, para perceber o grau de compromisso do grupo e a partir daí fazer também a sua gestão. No entanto, a ideia passava inicialmente por um período onde necessitava de estar ali mais perto para estancar a crise do futebol verde e branco; foi ficando, ficando, ficando, até que não mais não saiu… a não ser que o tirem mesmo de lá.

Foi isso que aconteceu novamente em Arouca, este domingo. E vai acontecer até ao final da época, que contará ainda, por exemplo, com uma complicada deslocação a Braga e um escaldante dérbi em Alvalade com o Benfica. Mas, mesmo que não estivesse castigado, Bruno de Carvalho não estaria presente no banco porque já tinha viagem marcada para Angola, mais concretamente para Luanda: vai inaugurar a primeira academia do Sporting no país, no completo desportivo Norberto de Castro, em Viana, que pretende formar mais de 200 jovens atletas.

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Por ser um dos pontos mais importantes a nível de presidência do clube (em 2013, o Sporting só estava representado num país com uma academia, em Toronto, e hoje está em mais de 20), o líder dos leões fez questão de marcar presença, tal como já tinha feito na Costa Rica, no mês passado. E quando não está a viajar? Já aconteceu na presente temporada falhar um jogo… por causa do trabalho: no primeiro jogo fora dos comandados de Jorge Jesus na Primeira Liga, em Paços de Ferreira, Bruno de Carvalho esteve até à última para sair a voar de carro de Lisboa para o Norte mas um atraso nas negociações com o Arsenal por causa de Joel Campbell prendeu-o em Alvalade. Como queria era fechar o empréstimo do avançado a uma semana de receber o FC Porto, ficou.

Quando está castigado, também tem mais do que fazer. Sobretudo quando os jogos são durante a semana, como aconteceu no ano passado em Braga: proibido de ir para o banco por estar a cumprir a última partida de punição após a expulsão no Bessa, ficou a trabalhar em Alvalade e terá sido nesse dia à noite que fechou o acordo com o Clube de Ciclismo de Tavira para o regresso da modalidade ao clube, algo que se confirmaria poucos dias depois.

Bruno de Carvalho diz que vai manter-se longe dos estádios até ao final da época

Como se percebe, Bruno de Carvalho não vai desistir de lutar pela ideia de que um castigo deste género não lhe pode retirar a liberdade de expressão, tendo já ameaçado recorrer às instâncias necessárias e últimas consequências. Mas em relação ao veto das zonas técnicas e do relvado, nada pode fazer. Ou pode: deixar de ir aos estádios. Porque alguma coisa se lembrará de fazer, como tem acontecido ao longo dos anos.