Tem 25 anos e quer aproximar as indústrias estabelecidas aos novos negócios. Escolheu São João da Madeira porque acha que é preciso descentralizar o empreendedorismo. E porque os sete quilómetros quadrados de área que o município mais pequeno de Portugal ocupa são o suficiente para mostrar as sinergias que podem ser feitas entre as empresas tradicionais e as startups de inovação tecnológica. No The Network, Francisco Costa Leite junta esta terça e quarta-feira mais de 100 pessoas.

O evento que conta com a participação de nomes como Rolf Schroemgens, fundador da Trivago, Neil Rimer, fundador da Index Ventures, Sampriti Bhattacharyya, fundador da Hydroswarm, Celso Guedes de Carvalho, presidente da Portugal Ventures ou Stephan Morais (ex-administrador da Caixa Capital) tem um “objetivo muito claro”, explica ao Observador Francisco Costa Leite.

“Quer estreitar as relações entre o tecido industrial português e as startups, porque a vida das startups não é apenas procurar investimento. Isso deve ser uma fase dois. Primeiro, precisam de ganhar tração no mercado e testar o modelo de negócio. É aí que queremos atuar”, disse o jovem que é natural de Vale de Cambra.

Com formação em Turismo, Francisco Costa Leite nunca trabalhou na área. Desde que se licenciou que tem vindo a dedicar-se à organização de eventos. “O que me faz confusão não é trabalhar por conta de outrem, é estar incapacitado para levar as minhas ideias a bom porto”, afirmou.

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Apostou em São João da Madeira, porque acha que existe demasiada centralidade em Lisboa, Porto, Coimbra e Braga, no que diz respeitos a eventos de empreendedorismo, e pouca coisa a acontecer noutros polos.

“É o concelho mais pequeno de Portugal e é um dos que está mais à frente a nível nacional na área de inovação. É a sede de um tecido industrial extremamente evoluído, com empresas que já conhecem o conceito de Indústria 4.0 antes de virar moda. Trabalham todas em conjunto ao mesmo tempo que conseguiram desenvolver um ecossistema próprio de empreendedores, que trabalham em sinergia plena com a indústria transformadora”, explicou.

Aos 25 anos, Francisco Costa Leite está convicto que a digitalização da indústria e a sua ligação aos novos negócios ainda é um caminho que está no início. “Ainda não vi grandes esforços para que a indústria mude mentalidades. Porque a Indústria 4.0 não tem apenas a ver com a eficiência dos processos, tem a ver principalmente com a mentalidade das chefias em abrir oportunidades onde as startups podem enquadrar-se e associar-me. São João da Madeira é um dos principais concelhos a conseguir materializar o que estou a defender, mas é um caso raro entre centenas de concelhos que temos”, referiu.