O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, apelou esta quinta-feira “à Justiça que seja célere” sobre casos em torno do futebol português e reiterou ter “máxima confiança” nos árbitros. Proença disse que Portugal tem “os melhores árbitros do mundo”, ainda que estejam “numa fase de crescimento”, numa entrevista à Sport TV.

O dirigente deixou um apelo “à tranquilidade” e “à Justiça para que seja célere, que faça as investigações que tiver de fazer e que puna quem tiver de punir”, garantindo ainda que não se conforma com demoras processuais. “Tudo o que fiz foi não me conformar. Quando cheguei, um processo na Liga demorava mais de 100 dias, e hoje os regulamentos definem um máximo de 15 dias e isso acontece, é o que posso controlar”, asseverou.

Proença destacou ainda o “trabalho positivo” do Conselho de Disciplina da FPF e o aumento dos processos sumários por parte da LPFP, mas “o mesmo se pede à justiça civil e criminal”, porque “não é possível que um processo esteja tanto tempo para ser decidido”, o que leva a que “a dúvida aumente o clima de hostilidade” no futebol português.

O ex-árbitro disse ainda estar “absolutamente convicto” de que a greve dos árbitros não vai acontecer, depois do período de 20 dias dado, e de que “haverá bom senso, de todos os ‘players’, porque todos têm responsabilidade, e farão tudo para que isso não aconteça”.

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“Por detrás de um árbitro está um homem, um pai de família, e tem de ser defendido. Para que tenha boas performances, tem de estar tranquilo. Todas as entidades têm de lhe dar todas as condições para estar tranquilo”, atirou. Sobre a reunião que teve com a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), o presidente da Liga realçou a vontade da direção do organismo em incorporar as propostas dos árbitros, que serão alvo de “reflexão”.

Essas alterações “só terão efeitos na época seguinte”, mas a Liga vai “refletir sobre as propostas e chegar a uma boa solução”. Proença destacou a “coerência enorme” que os árbitros “têm demonstrado” e manifestou vontade de “criar pontes” entre os vários intervenientes, deixando ainda elogios ao vídeo árbitro e à forma como a tecnologia tem sido implementada.

“Como presidente da Liga, fico satisfeito porque 20 decisões foram revertidas pelo vídeo árbitro, ou seja, são 20 decisões erradas que estariam a ser discutidas. É um claro sinal de que o VAR é essencial para o futebol do futuro”, acrescentou.

O líder da LPFP, que recusou comentar casos como o dos ’emails’, dos ‘vouchers’ ou do ‘novo apito dourado’, defendeu ainda que “tem de haver um agravamento” do quadro punitivo para quem instiga o “clima de hostilidade” que tem afetado o futebol português, pedindo ajuda à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) para a criação de um “quadro” de medidas relacionadas com a transmissão de programas associados ao futebol

“O governo tem de desempenhar a sua função, que é legislar a violência”, acrescentou o antigo árbitro, que disse não se rever nos “acontecimentos únicos” que têm acontecido e que são “responsabilidade de todos, ninguém fica de fora”.

Sobre os programas de comentário televisivo e que abordam casos como o dos ’emails’ ou do ‘novo apito dourado’, o “desafio” é “conseguir arquitetar um plano que possa não permitir este tipo de intervenção”, uma vez que “a questão das redes sociais e dos canais dos clubes tem de ser combatida”.

“A ERC também pode criar um conjunto de regras para credibilizar e controlar este tipo de comportamento”, sugeriu.

O dirigente revelou ainda ter tido conversas “com mais de 20 presidentes nas últimas duas semanas”, incluindo os líderes de Benfica, FC Porto e Sporting, uma vez que vê como “o trabalho diário” o contacto entre as várias entidades relacionadas com o futebol profissional.

Sobre a iniciativa de 11 clubes em criarem um grupo denominado G15, que engloba os emblemas da I Liga excetuando os ‘três grandes’, Proença encara-a como “dinâmicas normais de quem pensa o futebol”. O grupo “sempre deu conhecimento ao presidente da Liga que estas reflexões estavam a ser feitas”, e vai apresentar propostas na próxima semana, que serão “discutidas em assembleia geral”.

Uma das medidas prende-se com a limitação de empréstimos entre clubes da mesma divisão, além de uma proposta relacionada com a taxa paga pelos emblemas à Liga pela transmissão televisiva, para a criação de “uma indexação aos direitos de que quem recebe mais, paga mais”, o que Proença considerou “perfeitamente razoável”.

O líder da LPFP revelou ainda que os clubes da II Liga “se vão juntar na próxima segunda-feira, em Coimbra”, para “refletir sobre os posicionamentos” da prova, e que a postura de diálogo e debate beneficia “a indústria do futebol”. “No futebol profissional em Portugal são muito mais as coisas que unem as sociedades desportivas do que o que as separam”, atirou.