Em novembro de 2017, o número 1 do mundo, lesionado no joelho, teve de abandonar as ATP Finals, em Londres. Rafael Nadal já recuperou mas esta segunda-feira, antes da partida inaugural do Open da Austrália, não evitou fazer um reparo, onde cabem vários outros nomes maiores do ténis internacional: Andy Murray, recentemente operado à anca, e Novak Djokovic, que uma lesão no cotovelo afastou dos courts durante metade do ano passado, incluídos. “Há demasiadas lesões no circuito”, apontou Nadal.

“Não sou ninguém para dizer isto, mas alguém vai ter de perceber bem o que está a acontecer. Quando algo acontece com tanta frequência, tem de haver alguma coisa que não estamos a fazer bem. Não estou a dizer o que se deve fazer, só estou a jogar ténis. Mas algo está a passar-se e há-que analisar porquê”, completou o tenista número 1 do mundo.

Levantada a dúvida, vários jornais espanhóis tentaram perceber por que motivos tantos jogadores da modalidade, a mais alto nível, se têm lesionado tantas vezes. Citado pelo El Confidencial, o fisioterapeuta Jez Green, conhecido por treinar o britânico Murray, foi taxativo: “O corpo humano não está desenhado para jogar ténis. Está feito para correr muito rápido em linha reta, não para correr lateralmente durante três horas, a apoiar-se com força de um lado e de outro e sempre a mudar de ritmo. Os ligamentos sofrem graves danos. E o mesmo acontece com os ombros e os pulsos, que têm de amortecer serviços feitos com efeito e a mais de 200 km à hora”.

Porque a verdade é que já se joga ténis há mais de um século (olimpicamente, no masculino, desde 1896) e o pico de lesões é de agora, outros especialistas apontam outros culpados: as bolas e as raquetes utilizadas atualmente.

Ao telefone desde Melbourne, numa pausa do Open, o fisioterapeuta espanhol Marc Boada deu ao El Mundo a explicação mais plausível para as lesões do cotovelo: “A mudança constante de bolas de um torneio para outro, em parte por causa de interesses publicitários. Algumas têm menos ar e pesam mais. As raquetes estão feitas para atingir as bolas com mais força. Os danos ocorrem quando o movimento de rotação do cotovelo é forçado”.

Para Jez Green as cordas das raquetes, sintéticas e mais resistentes, também têm as suas responsabilidades, porque permitem a aplicação de mais força e de mais hits. O que, naturalmente, explicou o ex-tenista checo Ivan Lendl, faz com que o corpo dos atletas “fique destruído”.

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