Se as condições meteorológicas não se agravarem até ao fim da campanha, a produção de cereja na Cova da Beira deverá rondar, este ano, as seis mil toneladas, disse à Lusa Filipe Costa, produtor e engenheiro agrónomo.

“Em anos normais, a produção já ultrapassa as 8 mil toneladas. Portanto, tendo em conta as quebras deste ano, podemos afirmar que a Cova da Beira deverá produzir entre 5.500 a 6.000 toneladas de cereja”, apontou.

Este técnico, com mestrado em fruticultura, explicou que a estimativa tem em conta uma quebra de cerca de 30% na produção de cereja, provocada pela chuva que caiu na região durante a fase de floração e que comprometeu o “vingamento”, principalmente nas variedades intermédias.

“As variedades intermédias foram as mais afetadas e para os produtores que têm essencialmente essas variedades as quebras até podem ser superiores. Há relatos de pomares que foram muito prejudicados”, disse.

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Prejuízos que, tal como ressalvou, poderão ainda crescer e levar a que a estimativa da produção caia devido às condições meteorológicas pouco favoráveis dos últimos dias.

“Já se sabe que a chuva e o frio prejudicam o fruto e aquelas que já estavam para colher fendilharam bastante e outras perderam-se irremediavelmente. Mas, por enquanto, não vamos pensar no pior, até porque as previsões também apontam para uma melhoria”, afirmou.

Filipe Costa esclareceu ainda que a qualidade está garantida, quer no sabor quer nos calibres verificados.

Uma opinião partilhada por José Pinto Castello Branco, presidente da Cerfundão, empresa de comercialização e embalamento de cereja, que pretende duplicar o número de toneladas de cereja recebidas relativamente a 2013, ou seja quer trabalhar com 600 a 800 toneladas.

Para alcançar o objetivo, a empresa instituiu um novo modelo de pagamento, que deverá contribuir para levar um maior número de produtores a canalizar para ali a respetiva produção.

“Estamos a pagar à semana no valor fixo de um euro por quilo e o valor remanescente será pago até ao final da campanha”, especificou, recordando que anteriormente os produtores chegavam a esperar quase um ano pelo pagamento.

José Pinto Castello Branco fez também um “balanço muito positivo” das duas primeiras semanas de atividade desta campanha, visto que, só na primeira semana, a Cerfundão recebeu cinco toneladas, quando a primeira semana de 2013 não atingiu sequer a tonelada.