O ex-chefe das Forças Armadas egípcias Abdel Fattah al-Sisi conseguiu um triunfo expressivo nas eleições presidenciais e reforçou o controlo militar do país, 11 meses depois do derrube do único Presidente que não saiu das suas fileiras.

Quando faltam contar apenas 352 assembleias de voto, al-Sisi, que depôs o Presidente eleito Mohamed Morsi, lidera com 96% de votos, correspondentes a 21 milhões de votantes, informou esta sexta-feira a televisão estatal. O único rival de Al-Sisi, Hamdeen Sabbahi, estava com quatro por cento, segundo os resultados preliminares. Este opositor de longa data reconheceu a derrota na quinta-feira, mas exprimiu dúvidas sobre o valor da taxa de participação, estimada em 47%.

Os meios de comunicação, tanto privados como públicos, apelaram aos egípcios para que fossem votar e a eleição foi prolongada por mais um dia, um terceiro, numa decisão de última hora que desencadeou protestos.

Al-Sisi tinha apelado a que pelo menos 40 milhões de egípcios, do corpo eleitoral de 54 milhões, fossem votar. Se bem que o número possa ainda subir, as autoridades quantificaram em 25 milhões os que foram às urnas, correspondentes a 47%, abaixo dos 52% que votaram quando Morsi foi eleito, em 2012.

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“No fim, não temos qualquer forma de verificar os números [governamentais] da votação” ou a margem da vitória de Al-Sisi, escreveu o autor e investigador Shadi Hamid, do Centro Saban da Instituição Brookings, na sua conta na rede social Twitter. E relativizou o elevado número de votantes…

Apesar de os resultados finais só serem divulgados dentro de uma semana, centenas de apoiantes de al-Sisi vieram para as ruas para celebrar, exibindo bandeiras egípcias, disparando foguetes e buzinando.

Al-Sisi, que se reformou para concorrer, tornou-se o quinto Presidente saído das fileiras militares, reafirmando o controlo da instituição sobre a política no mais populoso país árabe. Os militares sempre constituíram o pilar essencial da vida política no Egito, a quem a instituição tem fornecido os líderes desde que oficiais derrubaram a monarquia em 1952.

A única exceção foi Morsi, um islamita proveniente da Irmandade Muçulmana, eleito um ano de pois da queda do antigo comandante da Força Aérea, Hosni Mubarak.