A prevalência da hipertensão na população adulta portuguesa é de 42,2%, mantendo-se em níveis idênticos aos de há dez anos, mas a mortalidade por AVC baixou 46% na última década, revela um estudo hoje apresentado no Porto. A redução do consumo de sal nos doentes hipertensos, a redução da pressão arterial, a mudança do tipo de medicação anti hipertensora, a melhoria da acessibilidade dos doentes ao Serviço Nacional de Saúde e o maior conhecimento da doença pela população explicam a redução da taxa de mortalidade por Acidente Vascular Cerebral.

Coordenado por Jorge Polónia, docente e investigador da Faculdade de Medicina do Porto, o PHYSA é considerado o “maior e mais completo” trabalho alguma vez realizado em Portugal sobre prevalência e controlo de hipertensão, consumo de sal e padrões genéticos relacionados com hipertensão, por registos efetuados em dois momentos diferentes, com dez anos de distância.

Na apresentação das conclusões do estudo, Jorge Polónia manifestou alguns receios de que a crise possa inverter alguns dos bons resultados obtidos nos últimos dez anos, apelando por isso ao Ministério da Saúde para que continue a investir no controlo desta doença.

Portugal continua no topo da tabela dos países europeus em que a mortalidade por AVC é maior do que a por enfarte do miocárdio, por isso, o especialista defendeu “uma maior ou total comparticipação dos medicamentos” anti hipertensores à semelhança do que acontece com a diabetes e a sida. “Porque é que a doença que mais mata em Portugal não tem o mesmo tipo de tratamento?”, questionou o especialista, sublinhando também a necessidade de investir nos rastreios à população, desde criança.

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No PHYSA foi avaliada uma amostra representativa da população portuguesa, constituída por 3.720 pessoas, com idades entre os 18 e os 90 anos, recrutadas nos centros de saúde. Os dados revelam que a prevalência da HTA em Portugal é de 42%, sendo ligeira mas significativamente mais elevada nos homens (44,4%) por comparação às mulheres (40,2%) e nos mais velhos por comparação aos mais novos.

A pesquisa demonstrou, ainda, que a taxa de obesidade na população portuguesa é de 20,4%, tendo aumentado cerca de 8% nos últimos dez anos, sobretudo nas mulheres. Neste estudo a obesidade está associada ao aumento da prevalência de hipertensão, consumo de sal, doenças cardiovasculares e escolaridade mais baixa.

O estudo revelou ainda que a ingestão média diária de sal, na população portuguesa, é de 10,7 gramas. As recomendações internacionais estabelecem um limite máximo de 5,8 gramas de sal/dia.

O THYSA demonstrou que, comparativamente aos resultados obtidos em 2003, em 2012 a taxa de conhecimento e tratamento da hipertensão arterial quase duplicou. A prevalência da hipertensão continua elevada, mas a taxa de controlo aumento 3,8 vezes neste intervalo. Contudo, só 42,6% dos doentes hipertensos estão devidamente controlados.

Este estudo foi realizado em colaboração e com financiamento da Sociedade Portuguesa de Hipertensão.