A incerteza sobre o destino do espólio de Siza Vieira passou para a arena política com a promessa de António José Seguro em manter o acervo do arquiteto em Portugal, mas Barreto Xavier apela para que este tema não se se transforme em “querela política”. Já o PSD lamenta a “partidarização” deste assunto até porque o Governo acompanha “há muito tempo” a questão.

Uma afirmação corroborada por Barreto Xavier. “O Governo tem vindo a trabalhar para assegurar que a documentação da obra arquitetónica de Portugal se mantém no país. Siza Vieira é o expoente máximo da arquitetura em Portugal e a sua obra honra-nos, mas a sua obra também é universal”, sublinhou o secretário de Estado ao Observador. Barreto Xavier não avançou se há alguma solução à vista ou acordo com o arquiteto, mas diz que o tema merece “cuidado e respeito”. “Siza Vieira e o seu espólio não devem ser usados como arma de arremesso”.

“São assuntos delicados e em que muitas vezes é preciso lidar com as famílias, mas sabemos que o Governo está a acompanhar de forma intensa o assunto de modo a que o espólio não se perca”, assegurou Conceição Pereira, deputada do PSD, ao Observador. Questionada se o seu partido vai apresentar alguma iniciativa no Parlamento sobre a manutenção do espólio em Portugal, a deputada diz que o PSD “confia que o governo vai salvaguardar a coleção de Siza Vieira”.

O arquiteto, vencedor do Pritzer, está a negociar o depósito do seu arquivo com o Centro Canadiano de Arquitectura, em Montreal, mas ainda não há decisão definitiva sobre o destino dos seus projetos, desenhos, maquetas, correspondência, fotografias e outros documentos que neste momento ainda estão no Porto. “Não posso avançar nada, porque ainda não decidi nada, nem sei quando é que isso vai ser decidido”, disse Siza ao Público.

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Esta incerteza levou António José Seguro a mostrar-se “preocupadíssimo” sobre o futuro do espólio. “Não podemos é cruzar os braços quando há uma notícia a dizer que o espólio pode sair do nosso país e ir para o Canadá”, comprometendo-se em seguida na sua página de Facebook a fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para que o acervo fique em Portugal – incluindo um encontro com o próprio arquiteto.

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“Acho que é triste quando estas coisas se partidarizam. São temas complexos, que não devem chegar à praça pública”, lamentou a deputada do PSD que considera que o património deve ser “avaliado” e que “merece toda a atenção”.