A 22 de julho, Beyoncé partilhou uma fotografia na conta de Instagram que foi notícia um pouco por todo o mundo. A cantora aparece vestida com uma camisola de ganga, um lenço encarnado preso na cabeça e mostra o braço musculado, sugerindo poder e força. A pose contrasta com um fundo amarelo e azul, este que ostenta a mensagem “We Can Do It!” (“Nós conseguimos”, em português). O retrato simboliza a icónica imagem de “Rosie, The Riveter” (Rosie, a Rebitadora) e remonta à segunda guerra mundial.

Beyoncé Instagram

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A fotografia a que a estrela deu corpo “derreteu” o Twitter e fez igualmente sucesso no Instagram, com mais de 1 milhão de “gostos” acumulados. Ao mesmo tempo, levantou uma questão moral: seria aquele um gesto feminista ou não? É provável que tenha sido esse o objetivo da cantora norte-americana, conhecida por defender os direitos de igualdade entre homens e mulheres.

A imagem original, diz o The Independent, é o símbolo máximo americano da emancipação feminina. “Rosie” surgiu na década de 1940 para dar força às mulheres que ocuparam os postos de trabalho dos homens que, então, participavam no conflito mundial. No entanto, pensa-se que a famosa fotografia tenha encontrado inspiração num retrato de Geraldine Doyle, uma mulher que trabalhava em Ann Arbor. Bastou a um fotógrafo registar o momento e a imagem chegar às mãos do artista gráfico J. Howard Miller para que o icónico poster nascesse.

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D.R

“Rosie” – D.R.

A publicação explica que, contrariamente à opinião popular, a imagem não foi encomendada pelo governo americano e nunca foi destinada ao público em geral. Ao invés, foi concebida para a Westinghouse Electric Company. O poster esteve apenas exposto nas paredes de algumas fábricas da empresa para levantar a moral feminina. Na década de 1980, a imagem começou a ser associada e usada tendo em conta a igualdade laboral entre os sexos. A palavra “feminismo” colou-se, assim, ao poster e o nome “Rosie, The Riveter” perdura até hoje.

Mas nem todos pensam de igual forma. O The Guardian, por seu turno, escreve que “Rosie” não simboliza um ícone feminista. Apesar de inspirar as mulheres a trabalhar, a imagem “representa uma visão cínica e esbatida, as suas credenciais feministas desgastam-se assim que se olha para a história da sua criação e para o contexto de quem ela pretendia retratar”.

A referida opinião não será, porventura, partilhada por Beyoncé. A 12 de janeiro deste ano, a cantora escreveu sobre o seguinte tema: “Igualdade de género é um mito”. No texto, disponível no The Silver Report, Beyoncé explica que, embora as mulheres representem metade da força de trabalho dos Estados Unidos, em média recebem apenas 77% tendo em conta os ganhos masculinos. Também o último álbum da cantora, “Beyoncé”, é marcado por mensagens feministas e conta com a participação da escritora e ativista nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie no tema musical Flawless.