A ministra das Finanças afirmou hoje que a ideia de flexibilidade na política orçamental “tem de ser enquadrada” com o país, e que tem implicações diferentes em países como a Alemanha, ou em países como Portugal, considerando que as palavras de Mario Draghi em Jackson Hole “são suscetíveis de interpretação diferente”.
No seu discurso no encontro dos banqueiros centrais em Jackson Hole, nos Estado Unidos, Mario Draghi afirmou-se preocupado com a baixa inflação e o elevado desemprego e defendeu que os países devem poder aplicar alguma da flexibilidade do Tratado Orçamental no cumprimento das regras do défice orçamental.
O discurso motivou reações diferentes, especialmente entre França e Alemanha, e hoje foi a vez de a ministra das Finanças ser confrontada com as declarações do presidente do Banco Central Europeu.
A ministra disse que as declarações de Draghi são suscetíveis de interpretação, uma arte dos banqueiros centrais, disse, mas que é preciso “ter cuidado com o que isso quer dizer para cada país”.
“Temos de ter em atenção as vantagens e desvantagens das ações para cada uma das economias”, disse, considerando que esta flexibilidade teria “implicações diferentes para a Alemanha, Portugal ou Finlândia”.
“A Ideia da flexibilidade tem de ser sempre enquadrada. Em Portugal temos uma dívida púbica e privada muito elevada, continuamos a ter um défice orçamental muito difícil de reduzir”, disse durante a conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho de Ministros em Lisboa, onde explica o segundo Orçamento Retificativo do ano.
A governante lembrou mesmo o apelo feito em 2009 para a aplicação de políticas expansionistas para contrapor aos efeitos da crise financeira que se começava a espalhar dos Estados Unidos e a demonstrar vulnerabilidades na economia europeia, para ilustrar, como já o havia feito algumas vezes, que no caso português a flexibilidade seria um erro, considerando os efeitos negativos que teve no défice orçamental e na dívida pública.
No final, a ministra disse que conta “continuar por cá em 2016 e 2017”, para ilustrar que é preciso pensar “não apenas o que é melhor para os portugueses em 2014 e 2015”. Ee que “um efeito aparentemente simpático” no curto prazo, poderia ter consequências no médio/longo prazo.