O governo regional da Catalunha deliberou que decidirá até 15 de outubro se vai ou não levar a cabo a consulta independentista prevista para 9 de novembro, uma posição que surpreendeu as outras forças que apoiam o referendo. A decisão, dada a conhecer nesta segunda-feira por Francesc Homs, porta-voz do governo catalão, contrasta com a união que evidenciaram na semana passada o executivo regional e as forças políticas que apoiam a consulta: Convergência e União (CiU), Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Iniciativa Catalunha Verdes (ICV) e Compromis (CUP).

Homs explicou que a decisão poderá obrigar a alterar alguns dos prazos que estão no decreto de convocatória da consulta para assim encontrar “soluções” para os obstáculos levantados pelo Estado. Terça-feira, por exemplo, terminaria o prazo para o registo de estrangeiros residentes e o período para as autarquias comunicarem ao governo regional as suas propostas para locais de mesas de voto.

Os comentários de Homs causaram “surpresa” a Anna Simó, porta-voz da ERC, que apelou para que não se ponham “datas limite” ao processo, que não foram acordadas na semana passada. “Desconcertou-nos que Homs fale de uma data limite de possível cancelamento da consulta, depois de uma reunião (na sexta-feira) que acabou com muitas esperanças, em que foram acordadas todas as garantias democráticas para a tornar possível”, disse.

Enric Millo, porta-voz do Partido Popular da Catalunha (PPC) – que se opõe à consulta – apelou ao presidente do governo regional, Artur Mas, para que “abandone o seu caminho errático” voltando ao “diálogo para abordar as reformas necessárias mas dentro da legalidade”. O Governo e o parlamento regional apresentaram já alegações pela suspensão da consulta, decretada pelo Tribunal Constitucional (TC) que aceitou deliberar sobre recursos apresentados pelo Governo espanhol.

Hoje, o Governo em Madrid ampliou esse recurso, levando ao TC um pedido para que anule um decreto de nomeação dos membros da comissão de controlo de consultas, equivalente à assembleia eleitoral, assinado a 2 de outubro.

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