Lorenzo Bandini – Mónaco (1967)

Dezassete anos após a criação da Fórmula 1, o italiano Lorenzo Bandini, ao volante de um Ferrari, embateu numa proteção lateral no Grande Prémio do Mónaco. O tanque de gasolina do carro foi perfurado na colisão e, quando capotou, uma faísca tê-lo-á incendiado. Quando a equipa de assistência chegou ao local, Bandini estava encurralado debaixo do monolugar e já estava inconsciente quando foi resgatado.

O italiano, de 31 anos, ficou com queimaduras em cerca de 70% do corpo e morreria três dias depois do acidente. Antes, em 1955, outro transalpino, Alberto Ascari, também sofreu um acidente no circuito do Mónaco — e chegou mesmo a ser projetado para o mar, numa época em que a pista não tinha quaisquer proteções laterais de segurança. O piloto, campeão de Fórmula 1 em 1952 e 1953, não sofreu lesões graves. Quatro dias volvidos, contudo, morreria ao sofrer um acidente enquanto testava um carro no circuito de Monza, em Itália.

Roger Williamson – Holanda (1973)

Era apenas a segunda vez em que participava numa corrida de Fórmula 1. À oitava volta ao circuito de Zandvoort, no Grande Prémio da Holanda, o britânico Roger Williamson teve um problema numa das rodas do seu monolugar. O piloto, de 25 anos, perdeu o controlo do carro, que se despistou e deu várias cambalhotas em pista, antes de se incendiar. Williamson, soube-se depois, não sofrera lesões graves com o acidente, mas ficou preso por baixo do monolugar, quando este já estava em chamas e acabaria por morrer asfixiado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A tragédia ficaria na memória também devido a David Purley. O piloto britânico, que também se estreava nessa época na Fórmula 1, parou o carro assim que viu o monolugar de Williamson em chamas e foi a correr em seu auxílio, enquanto os comissários de pista nada faziam. Purley, sozinho, tentou virar o monolugar e chegou a utilizar um extintor para apagar as chamas, enquanto gesticulava e pulava na berma da pista, pedindo aos pilotos de outros carros que parassem para o auxiliarem.

A corrida, aliás, não foi interrompida e até viria a ser terminada — a organização da prova apenas colocou um cobertor por cima do carro de Williamson. Mais tarde, David Purley, pelo seu ato de bravura, receberia a George Medal, a segunda condecoração civil mais alta que se pode atribuir a um cidadão britânico.

Niki Lauda – Alemanha (1976)

https://www.youtube.com/watch?v=piFtNVh-JSA

A surpresa foi geral — como conseguiu Niki Lauda sobreviver a este acidente? Em 1976, o piloto austríaco despistou-se a meio do Grande Prémio da Alemanha, no circuito de Nürburgring, pouco depois de ir às boxes trocar os pneus de chuva para outros de piso seco. Quando regressou à pista, contudo, o alcatrão ainda estava molhado e acabaria por embater contra um muro de proteção. O seu monolugar incendiou-se e Lauda ficou preso no seu interior. Esteve mais de um minuto rodeado por chamas e a respirar gases tóxicos, até que Arturo Merzario, piloto italiano que parara o carro para o ajudar, o conseguiu libertar do monolugar.

Lauda sofreu queimaduras graves na cabeça e na face, que ainda hoje o mantêm desfigurado. Seis semanas depois, contudo, regressaria à Fórmula 1, a tempo de, nessa época, perder o título mundial por apenas um ponto de diferença para o vencedor, James Hunt — com quem manteve uma rivalidade durante anos (exibida no filme ‘Rush’, no qual está incluída uma cena que retratou o acidente do austríaco). Niki Lauda seria campeão de Fórmula 1 em 1975, 1977 e 1984.

Ronnie Peterson – Itália (1973)

Segundos após o arranque do Grande Prémio de Itália, em 1978, assistia-se a um acidente. A luz verde para autorizar a partida acendera-se sem que os monolugares estivessem todos parados, nas posições e, portanto, à entrada para a primeira curva do circuito de Monza, vários carros ficaram afunilados. Ronnie Peterson, que conduzia um deles, despistou-se e embateu contra um muro. O carro incendiou-se no momento, antes de três pilotos conseguiram retirar o sueco do monolugar.

O piloto foi internado num hospital em Milão, onde um raio-x concluiu que sofrera sete fraturas numa perna e três noutra. Peterson, recorde-se, danificara o seu monolugar durante a qualificação e teve que participar na corrida com um monolugar que fora desenhado para Mario Andretti, seu companheiro de equipa — que, em altura, era bastante mais baixo do que o sueco. Após o acidente, Peterson foi internado num hospital em Milão, onde se concluiu que tinha sete fraturas numa perdas e três noutra.

Ao início pensou-se que não corria perigo de vida, mas, dias depois, o sueco morreria devido a uma embolia.

Gilles Villeneuve – Bélgica (1982)

https://www.youtube.com/watch?v=wW36MiuRlk8

Talvez o mais grave acidente ocorrido na Fórmula 1. Em 1982, quando faltavam cerca de 10 minutos para o final da qualificação para o Grande Prémio da Bélgica, Gilles Villeneuve embateu na parte de trás do monolugar do alemão Jochen Mass. O carro do canadiano foi projetado no ar, antes de se multiplicar em cambalhotas pela pista. Uma delas atirou o piloto, então com 32 anos, contra a rede de proteção do circuito. Villeneuve morreria no local e tinha o pescoço partido quando a equipa de assistência médica o socorreu. Após o acidente, o seu carro ficou reduzido a menos de metade do tamanho.

Gerard Berger – San Marino (1989)

Quando estava com os depósitos de gasolina ainda cheios e enquanto circulava a cerca de 240 quilómetros por hora, Gerard Berger perdeu o controlo do seu Ferrari e saiu da pista de Imola, no Grande Prémio de San Marino. O piloto austríaco embateu contra o muro de proteção e, assim que parou, o monolugar entrou em combustão. A equipa de assistência da pista demorou 16 segundos a chegar ao local e outros dez a apagar as chamas. Berger sobreviveria apenas com queimaduras ligeiras e duas costelas fraturadas. O acidente aconteceu na Tamburello Corner, curva onde, cinco anos depois, Ayrton Senna se despistaria.

Ayrton Senna – San Marino (1994)

Estava renhido. Pudera. Afinal, estava a ser perseguido, de perto, por Michael Schumacher, o então ainda jovem piloto, sem qualquer título conquistado. Até que Ayrton Senna, líder à sexta volta do Grande Prémio de San Marino, perdeu o controlo do seu monolugar, ao sair da curva da meta do circuito de Imola. Foi diretamente contra uma barreira de proteção, feita de cimento.

Aconteceu em 1994 e foi o mais recente acidente de Fórmula 1 que causou a morte a um piloto. O brasileiro tinha 34 anos e fora campeão mundial por três vezes. Foi neste GP que o britânico Damon Hill, então seu companheiro de equipa da Williams-Renault, fixou o recorde de tempo do circuito, que perdura até hoje.

Roland Ratzenberger – San Marino (1994)

https://www.youtube.com/watch?v=xO73ECZb7ik

A tragédia com Ayrton Senna não foi a única a manchar o Grande Prémio de San Marino. No dia anterior ao acidente do piloto brasileiro, o austríaco Roland Ratzenberger sofreu um acidente durante a qualificação e acabaria por falecer, horas depois, no Hospital de Bolonha. Nesse mesmo fim de semana, aliás, Rubens Barrichello sofreu um acidente no circuito de Imola, também durante a qualificação. O brasileiro ficou inconsciente e com a língua a obstruir-lhe as vias respiratórias.

Michael Schumacher – Reino Unido (1999)

Foi em frente quando devia ter acompanhado a curva. Foi assim que, em 1999, na primeira volta do Grande Prémio do Reino Unido, o alemão Michael Schumacher ficou sem sistema de travagem no seu Ferrari e embateu, de frente, contra a barreira de proteção de pneus. O piloto alemão, então ainda só com dois dos sete títulos mundiais que conquistou, fraturou a perna no acidente e ficaria longe da Fórmula 1 durante 98 dias.

Robert Kubica – Canadá (2007)

À 27.ª volta do Grande Prémio do Canadá, o polaco Robert Kubica perdeu o controlo do seu monolugar, após bater contra o carro de Jarno Trulli. O toque levou-o para fora de pista a cerca de 300 quilómetros por hora, onde uma elevação na relva projetou o carro no ar e levou-o a embater contra uma barreira de proteção — que, quase como um efeito ricochete, o atirou para a pista e até ao muro que se encontrava do lado contrário. O piloto não sofreu quaisquer lesões graves e, horas depois, já estava a caminhar normalmente.

Felipe Massa – Hungria (2009)

https://www.youtube.com/watch?v=bA7IZVpIO_4

Antes da tragédia de Jules Bianchi, no Japão, este foi o mais grave acidente que ocorrera antes na Fórmula 1. Durante a qualificação do Grande Prémio da Hungria, uma peça do sistema de suspensão que o monolugar de Rubens Barrichello deixara na pista atingiu e furou o capacete do piloto brasileiro, que ficou imediatamente inconsciente — o que levou o carro a chocar contra uma barreira de pneus.

O brasileiro esteve internado durante vários dias, após ser operado ao olho esquerdo. Massa regressaria à Fórmula 1 na época seguinte, já com uma placa de titânio implantada no crânio e após ser submetido a vários exames neurológicos. Hoje, com 33 anos, está ao volante de um monolugar da Williams-Mercedes.