Benfica entrou a 300 à hora. Sp. Braga equilibrou, soube reagir, virou o resultado e acabou a mandar no jogo. Talisca marcou primeiro, Éder empatou e Salvador Agra, a nove minutos do fim, virou o marcador: 2-1. Grande, grande jogo no Estádio Axa. Jogo rápido, rasgadinho, intenso com “sururus”, golos e um treinador expulso. Houve de tudo. Até um guarda-redes que mais parecia Buffon ou Kahn…

Talisca está na moda. Não é um Rivaldo 2.0, nem sempre equilibra a equipa, não defende muito. Não. Talisca está na moda porque tem uma relação de amor com a baliza alheia. Não estavam decorridos ainda dois minutos quando o canhoto marcou o primeiro da noite, na Pedreira. O meio-campo do Benfica recuperou a bola e, depois de uma triangulação, saiu muito rápido pela esquerda. Eliseu levantou a cabeça, driblou um bracarense e tocou para o centro, onde estava Talisca à espera de mais um momento de glória, 1-0. Começo muito forte dos campeões nacionais.

O arranque desta partida foi delicioso. Muita velocidade, ritmo, entrega, andamento e vontade. E sim, também se viu futebol. As duas equipas estavam comprometidas com o bom futebol. A primeira parte foi bem jogada. Primeiro controlou o Benfica (66% de posse de bola aos 15′), depois o Sp. Braga equilibrou e fechou os caminhos para a baliza de Matheus, que pareciam até então estar escancarados.

O empate chegaria aos 28′, mas antes Lima esteve muito perto do 2-0: valeu Matheus. A equipa da casa marcou antes da meia hora, como dizíamos. A jogada teve origem num alívio de Tiba. Rúben Micael dominou e lançou Pardo na direita, que encontraria Éder do outro lado, à espera para encostar, 1-1. Estava interessante o duelo.

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Tiba e Rúben Micael voltariam pouco depois a criar muito perigo para a baliza de Artur. Pelo meio, Pardo caiu na área e pediu penálti — ficam muitas dúvidas no lance com Eliseu. O Sp. Braga ganhou outra solidez no meio-campo à passagem dos 20 minutos e foi equilibrando. Ganhou músculo e posicionou-se melhor. O ritmo foi caindo, era de esperar. O arraque foi uma maravilha. O intervalo chegaria com números que comprovavam o crescimento bracarense: 6-6 em remates e 58% de posse de bola para o Benfica.

A segunda parte começou com um Sp. Braga melhor ainda. O Benfica deparou-se com muitos problemas para encontrar espaços no meio-campo rival. A equipa da casa estava a pressionar muito forte, enquanto os campeões nacionais amoleciam. Tiba foi o primeiro a assustar Artur neste segundo tempo.

Jorge Jesus, aos 62′, decidiu mexer nas coisas. Saiu Samaris para entrar Jonas, o que significava que Talisca desceria no meio-campo, para fazer de Enzo. O que não costuma ser boa notícia, pois o brasileiro não é muito eficaz na hora de defender, assim como não parece grande espingarda a começar as jogadas de trás.

Os quase 20 mil adeptos no Estádio Axa veriam depois uma reação dos forasteiros. Talisca, Jonas e Lima tentaram a sorte, mas entre desacertos e boas defesas de Matheus, o Braga segurou o empate. Aos 71′, Sérgio Conceição teve aquilo que os treinadores tantas vezes têm: um toque de Midas. Rafa deu o lugar a Salvador Agra, que decidiria dar jus ao nome que tem. Antes, Éder voltou a estar muito, muito perto do golo que assinava a reviravolta, mas o avançado teve muita falta de jeito e falhou o remate. Foi um grande cruzamento de Pardo.

Mas bastaria um minuto para o Braga voltar a ser feliz contra o rival com quem discutiu o título em 2009/2010. Salvador Agra, o TGV do costume, recebeu a bola no corredor esquerdo e desatou a correr. Galgou metros como se não houvesse amanhã. No fundo, ao seu estilo. Agra cortou para dentro, desviou de Maxi e rematou em força. A bola passou por entre as pernas do lateral uruguaio e entrou junto ao poste direito de Artur. Bom golo deste extremo, 2-1.

O Benfica tentou reagir depois, com remates de Salvio (grande defesa de Matheus) e Talisca. Mas o marcador não mexeria mais. Por um razão: Matheus. É que o guarda-redes brasileiro transformou-se num monstro depois do minuto 90, com duas defesas seguidas incríveis após pontapé de canto.

Antes, registaram-se os “sururus” do costume entre estas duas equipas. Sérgio Conceição acabou expulso e viu da bancada a equipa vencer este clássico do século XXI. Os bracarenses não venciam as águias para a Liga desde março de 2011 (2-1). Foi um bom duelo na Pedreira. Boa primeira parte, bem disputada e muito rápida. O segundo tempo teve mais equilíbrio e um ritmo mais baixo, mas o Sp. Braga soube impor-se. Depois do segundo golo da equipa caseira o jogo partiu-se. O Benfica porventura mostrou algum cansaço, que resultou da partida a meio da semana para a Liga dos Campeões. Os campeões nacionais perdem assim três pontos e o FC Porto (2.º classificado) fica apenas a um, enquanto o Sporting (4.º) recuperou terreno, ficando apenas a três. Em terceiro lugar está o Vitória de Rui Vitória, a somente dois pontos de distância do líder.