Vladimir Putin pensa que não existiu nada de errado no Pacto Molotov–Ribbentrop, que deve o nome ao ministro dos Negócios Estrangeiros soviético, Vyacheslav Molotov e ao seu homólogo alemão, Joachim von Ribbentrop, e que incluía uma cláusula secreta na qual alemães e soviéticos acordaram a divisão da Polónia. O presidente russo está igualmente convencido de que a França e o Reino Unido são os verdadeiros culpados da marcha de Hitler pela Europa durante a II Guerra Mundial.

O Telegraph escreve que os comentários de Putin foram feitos durante um encontro com jovens historiadores em Moscovo, durante o qual foram examinadas as causas do conflito. O líder russo acusou os historiadores ocidentais de abafarem o Acordo de Munique, em 1938, quando a França e a Grã-Bretanha, lideradas por Neville Chamberlain, o primeiro-ministro britânico, concordaram com a anexação hitleriana dos sudetas na Checoslováquia.

Aos estudantes, Putin explicou a reação de Churchill perante o acordo de Chamberlain. “Penso que Churchill disse a um pequeno grupo de pessoas: ‘Pronto, agora a guerra é inevitável’. Porque fazer um pacto com o agressor que era a Alemanha hitleriana levaria claramente a um conflito militar futuro. Algumas pessoas perceberam isso”.

Mas relativamente ao Pacto Germano-soviético, Putin tem uma visão diferente. “Uma pesquisa séria mostraria que aqueles eram os métodos de política externa utilizados na altura”, disse o líder russo, acrescentando: “A União Soviética assinou um tratado de não-agressão com a Alemanha. As pessoas dizem que isso foi mau. Mas o que há de tão errado no facto de a URSS não querer lutar?”

As cláusulas secretas desse pacto foram negadas pelo Kremlin até 1989. Em 2009, Putin condenou o acordo e considerou-o “imoral”. Agora, as declarações do líder russo parecem sugerir que este não concorda com a versão histórica do tratado germano-soviético. “As pessoas ainda discutem o Pacto Molotov-Ribbentrop e acusam a União Soviética de dividir a Polónia”.

Analistas e opositores criticam Putin de utilizar com cada vez mais frequência acontecimentos históricos como uma forma de reforçar o seu regime autoritário.

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