Mourão, no Alentejo, é o município do continente com mais funcionários por cada mil habitantes, o que é justificado pela autarquia com a interioridade, a pobreza do concelho e a falta de indústria.

Segundo os dados disponibilizados pelo Governo no portal www.portalmunicipal.pt, com base em informações das câmaras, no final de 2013, o município de Mourão, cujo concelho tinha 2.622 habitantes, possuía 203 trabalhadores, o que corresponde a 77,42 funcionários para cada mil habitantes.

“Somos um concelho do interior, pobre e sem indústria, sendo a câmara o maior empregador e, logo a seguir, a Santa Casa da Misericórdia de Mourão. Por aqui, se vê o retrato do concelho”, afirmou à agência Lusa a presidente do município, Maria Clara Safara.

A autarca disse esperar que a redução de trabalhadores que possa vir a ser exigida pelo Governo, por o município ter recorrido ao Programa de Apoio à Economia Local e por poder vir a aderir ao Fundo de Apoio Municipal, se faça à custa de alguns funcionários que estejam em idade de aposentação.

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No entanto, a proposta de Orçamento do Estado para 2015 impõe a redução de funcionários entre 2% a 3% para os municípios endividados que se encontrem em situação de saneamento ou em rutura financeira.

A autarca socialista explicou que, em 2001, o concelho levou “uma machadada” na sua economia local, já que o enchimento da barragem do Alqueva obrigou ao desmantelamento de uma fábrica de papel, a qual chegou a empregar centenas de trabalhadores.

O fecho da unidade fabril “fez com que as pessoas procurassem a câmara para responder à sua situação de desemprego”, disse, referindo que o município decidiu “ajudar as famílias” porque não tinham alternativas de emprego no concelho.

Com a construção da barragem de Alqueva, frisou, Mourão “ganhou estradas novas”, mas ficou muito aquém do esperado nos setores agrícola e turístico.

“Já tive reuniões no Ministério da Agricultura para exigir que seja ampliado o perímetro de rega em algumas zonas do concelho”, assinalou, aludindo que está já em construção o primeiro grande projeto turístico do concelho, o “L’And Reserve”, que pode criar “alguma dinâmica e emprego”.

Maria Clara Safara precisou que, atualmente, a câmara tem 177 trabalhadores, dois dos quais encontram-se com licença sem vencimento, a que se juntam mais dois prestadores de serviços, um na área da justiça e outro no departamento de obras.

Apesar do elevado número de funcionários em relação à população do concelho, a autarca considerou que se justifica o número de trabalhadores, alegando que “há serviços que se têm de fazer todos os dias, quer seja para dois habitantes ou para 200”.

“Os serviços de limpeza da via pública e a recolha de lixo” são alguns exemplos dados pela autarca, que realçou que “é sempre necessário deslocar os serviços municipais, mesmo para as zonas do concelho com menos habitantes”.

A presidente da câmara disse que, “muitas vezes”, o município “até tem falta de assistentes técnicos” e que enfrenta “algumas dificuldades à medida que alguns [trabalhadores] se aposentam”, o que tem obrigado à “mobilidade de funcionários para serviços onde fazem mais falta”.

O concelho de Mourão, composto por três freguesias (Mourão, Granja e Luz), apresenta uma taxa de desemprego a rondar os 23 por cento.