Calma, ainda estamos no outono. Mas imagine que o inverno chega e, com ele, as temperaturas arrastam-se para baixo. O frio vai espreitando cada vez mais. Começa-se a tirar o pó aos aquecedores e a tirar dos armários os cobertores, pesados, para dar mais peso à cama. Vale tudo para, à noite, o frio não se ficar a rir. Certo? Talvez não. É um estudo, aliás, que o sugere. E até se baseia num argumento forte — porque dormir com baixas temperaturas faz bem à saúde. E não só.

Comecemos pelos factos. O corpo reduz a temperatura cada vez que uma pessoa adormece ou está lá perto, de modo a dar um sinal ao cérebro de que é hora de dormir. Fá-lo em cerca de meio grau centígrado. Logo, aquecer o corpo ou a temperatura ambiente que o rodeia, mesmo que lógico para a pessoa, será contraproducente para o corpo. É o que diz um estudo recente da Sleep Foundation, uma entidade norte-americana dedicada ao estudo do sono.

Isto porque, quando uma pessoa adormece num ambiente frio ou ameno, o corpo parece ativar o tecido adiposo castanho, um tipo de gordura que, lá está, é utilizado para regular a temperatura — queimando calorias enquanto o faz. Como se descobriu isto? Através de uma experiência, conduzida por Francesco S. Celi, perito em endocrinologia e metabolismo, cujos resultados foram publicados no Diabetes, um jornal científico dos EUA.

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O comportamento de sono dos corpos de cinco jovens adultos foi estudado durante quatro meses. No primeiro, dormiram todas as noites num quarto com a temperatura de 24.ºC. No segundo já seria de 19.ºC, antes de voltar aos 24.ºC e, depois, aumentar para os 27.ºC. E os resultados mostraram que, no segundo mês, o dos 19.ºC, o volume de gordura castanha nos cinco indivíduos registou valores quase duplamente superiores aos dos restantes meses.

Ou seja, mais calorias se queimaram. E mais: a sensibilidade à insulina também aumentou durante o segundo mês. O que é bom para evitar a diabetes. “A gordura castanha produz até 300 vezes mais calor face a qualquer outro órgão, logo se for possível mantê-la ativa durante um longo período de tempo, é menos provável que o corpo use energia em excesso”, explicou Michael Symonds, professor de psicologia da Universidade de Nottingham, citada pela Yahoo.

E o especialista defendeu que é benéfico fazer “tudo o que se possa para ativar” este tipo de gordura no corpo. “Como reduzir a termóstato do aquecedor ou dormir com uma temperatura ambiente mais reduzida”, sugeriu. Ou mais ainda — dormir nu, já que, com menos roupas, o corpo é capaz de regular melhor a própria temperatura.

Já dizia Marylin Monroe, que uma vez afirmou dormir apenas com uma gota do perfume Chanel n.5 no corpo. E nada mais.