O novo líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, assegurou este sábado no XV congresso regional do partido que não guarda ressentimentos em relação a Alberto João Jardim.

“Quero cumprimentá-lo e agradecer a sua presença neste congresso”, disse Miguel Albuquerque dirigindo-se a Jardim sentado na primeira fila do auditório do Centro de Conferências e Exposições (CEMA) do partido, situado em Santa Quitéria, freguesia de Santo António, nos arredores do Funchal.

“Quero dizer que não guardo ressentimentos das nossas disputas recentes”, acrescentou, argumentando: “Não guardo, meu caro presidente, porque não confundo questões de natureza pessoal com as de natureza política”.

Albuquerque recordou que teve com Alberto João Jardim “ótimos momentos juntos na vida pública”, admitindo que também surgiram “divergências políticas, por vezes de forma forte e frontal”.

Na resposta, quando Jardim subiu ao palco para discursar declarou que a partir de agora Albuquerque é o seu líder de declarou-lhe apoio: “Um por todos e todos um”. O ex-autarca do Funchal ficou visivelmente emocionado e no fim os dois deram um abraço, ouvindo-se Albuquerque repetir: “Muito obrigado, muito obrigado”.

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“A maior alegria que eu posso ter na política não são só estes quarenta anos que passámos. A maior alegria que eu posso ter na política é este novo ciclo que agora se iniciou começar com uma grande vitória por maioria absoluta”, afirmou Jardim, no decurso do XV congresso do PSD/Madeira, que já aclamou Miguel Albuquerque como novo presidente da comissão política regional dos sociais-democratas.

O líder cessante do PSD/Madeira salientou que é fundamental o partido vencer as próximas eleições regionais por duas razões essenciais: a autonomia e a dívida pública da região.

“Esta autonomia tal como está não serve. É preciso mais autonomia e sobretudo é preciso uma definição sobre a autonomia. Sobretudo é preciso que fique claro quais são os poderes do Estado neste território e quais são os poderes da região”, disse Alberto João Jardim.

A sua proposta é definir para o Estado os direitos liberdades e garantias individuais, a política de defesa e segurança interna, a política externa, a política de segurança social comum e os tribunais de recurso. “Fora disso, tudo tem de ser nossa competência, sob pena desta autonomia não estar concretizada em termos de servir como deve ser o povo madeirense”, sublinhou.

Quanto à dívida pública da Madeira, Jardim disse que ela se destinou ao desenvolvimento da região e que resultou, em parte, do facto de o Estado ter “sonegado” ao logo de séculos aquilo que era produzido na região.

“Temos que ver, e ver com o Estado central, porque é que existe uma dívida pública na Madeira e porque é que essa dívida pública deve ser tratada de outra forma, porque o desenvolvimento da Madeira é sobretudo desenvolvimento de Portugal”, declarou Alberto João Jardim.

O XV congresso do PSD/M decorre este fim de semana no Funchal e conta com a presença do líder nacional do partido, Pedro Passos Coelho, na sessão de abertura.

Miguel Albuquerque, o ex-autarca do Funchal, entrou em rota de colisão com o líder cessante, e em 2012 foi o primeiro militante que ousou defrontá-lo em eleições internas, nas quais foi derrotado por 142 votos.

A 29 de dezembro do ano passado acabou por ser escolhido para ser o seu sucessor, alcançando 64% dos votos dos militantes numa segunda voltas das eleições.