Ricardo Marques, advogado de João Perna, criticou esta quinta-feira as declarações de algumas personalidades à porta do Estabelecimento Prisional de Évora que defenderam que a prisão preventiva de José Sócrates era uma perseguição política.

“Alguns políticos teceram comentários que me pareceram excessivos. O Tribunal não prende por questões políticas, o tribunal prende quando, na perspetiva dele, tem indícios de práticas de crime. As pessoas quando falam disso [perseguição política] não sabem o que consta no processo”, afirmou o advogado, em declarações aos jornalistas.

Mário Soares tem sido um dos principais defensores da teoria de que a detenção e prisão preventiva do ex-primeiro-ministro é um caso de perseguição política. A 26 de novembro de 2014, na primeira visita que fez à cadeia de Évora, o fundador do Partido Socialista afirmou aos jornalistas que a operação Marquês “não é outra coisa que não seja um caso político”, acrescentado, ainda, que “todo o PS está contra esta bandalheira”.

O próprio José Sócrates tem tecido duras críticas à investigação conduzida pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Em resposta às questões colocadas pela TVI, a 2 de janeiro deste ano, o ex-primeiro-ministro assegurou que “esta prisão preventiva é ilegal” e lançou suspeitas em relação ao verdadeiro propósito do caso que o envolve.

“Grave é que se tenham degradado tanto os valores do nosso Estado de Direito a ponto de se ter instalado uma cultura de tolerância para com tudo isto: prisões sem provas ou sequer fortes indícios de crimes, que ao menos se perceba quais são! Lamento dizê-lo, mas daqui à suspeita de perseguição política não é um passo de gigante, é um pequeno passo”, disse José Sócrates.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR