“A verdadeira estrela do [filme] ‘Sniper Americano‘ é o bebé falso de Bradley Cooper e Sienna Miller”. É assim que começa o artigo do E!News a propósito da mais recente polémica. Não, não é o debate político que o enredo do filme tem suscitado (conta a história de Chris Kyle, um atirador especial dos SEAL que fez quatro comissões no Iraque, e o seu difícil regresso a casa), mas antes a ausência de um bebé real numa das cenas da longa-metragem realizada por Clint Eastwood, que chegou esta quinta-feira aos cinemas portugueses.

Apesar de somar seis nomeações na corrida aos Óscares (incluindo as de “Melhor Filme” e “Melhor Ator”) e de ter arrecadado mais de 100 milhões de dólares (perto de 90 milhões de euros) no primeiro fim de semana em exibição, parece que está difícil esquecer o adereço cinematográfico que substituiu um qualquer bebé de carne e osso. Numa cena de conotação dramática, os atores Bradley Cooper e Sienna Miller são forçados a fingir que um boneco de plástico é o filho de ambos. O momento é difícil de assistir, diz a Vulture, até porque o corpo sem vida emite sons bem reais. Os comentários que se seguiram, e que inundaram as redes sociais, foram “impiedosos”.

https://twitter.com/rickysans/status/557384866568761345

(“O bebé falso do ‘Sniper Americano’ já tem uma página de Twitter?”)

(“Não sei o que é pior, o bebé descaradamente falso usado no [filme] ‘Sniper Americano’ ou o bebé aterrador em ‘Twilight’.”)

(“Quer dizer, o ‘Sniper Americano’ é um filme ótimo, no entanto, acho que eles tinham dinheiro suficiente no orçamento para um [conseguir] bebé falso melhor…”)

Se o público não perdoa, o que dizer dos críticos? Na crítica do Sunday Times, Camilla Long escreve que nunca tinha visto “tantos terríveis bebés falsos num só filme”, enquanto Victoria Alexander, do Las Vegas Informer, acredita que o filme ficaria bem melhor se Eastwood não tivesse considerado o boneco de plástico; “E aquela cena falsa de amamentação?”, questiona. “É por isso que Bradley Cooper é tão bom ator”, diz Savannah Guthriesaid, do Today. E completa: “Ele teve de contracenar com um bebé falso”.

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O site Hitfix aborda ainda o quão desconfortável é a cena: “É tão óbvio e nenhum dos dois parece estar confortável a segurá-lo [ao bebé]. O peso está todo errado. (…) Cooper, nomeadamente, parece que nunca segurou num bebé antes”. A Time vai mais longe e coloca, num tom irónico, a hipótese de a equipa de produção não ter confiado um bebé real ao ator Bradley Cooper que, coincidentemente, ainda não é pai. A revista argumenta também que a falsidade do boneco distrai os espetadores das palavras carregadas de intensidade trocadas entre os dois atores. “Vá lá, Clint Eastwood. É 2015. Nunca ouviste falar de CGI [sigla inglesa para imagens geradas por computador]?”, pergunta a jornalista da Time, Samantha Grossman.

Mas há uma razão para tudo — e não foi para poupar dinheiro, como questionaram alguns fãs. O New York Times explica que o argumentista do filme, Jason Gall, publicou no Twitter no passado mês de dezembro o motivo por ter sido usado o boneco de plástico. Ao que parece o bebé que foi escolhido para, no filme, passar dos braços de Sienna Miller para os de Cooper ficou doente, enquanto o “substituto” simplesmente não apareceu. “Detesto estragar a diversão, mas o bebé real número 1 apareceu com febre. O bebé real número 2 não apareceu”. O tweet em questão foi, entretanto, eliminado. Apesar da explicação, o E!News conta que numa das salas de cinema a audiência riu-se em alto e bom som com a referida cena.