A história conta-se no ABC: estes são espanhóis que resolveram aparecer num calendário despidos por uma causa que é uma casa, a sua casa. Estes habitantes de Madrid protestam contra uma decisão da autarquia, que vai vender a um fundo de investimento, casas que eles habitaram depois de terem  encontrado o que chegaram a pensar ser a sorte de uma vida: alugar uma casa, ficando com opção de compra ao final de dez anos lá a viver.

Eram casas de uma empresa municipal, chamada Empresa Municipal de la Vivienda y el Suelo de Madrid (EMVS). Mas não chegou perto, sequer, dos dez anos até que a câmara tenha decidido vender o edifício, todo ele, ao tal fundo, forçando-os a interromper o sonho.

A ideia do calendário foi da mulher que dá cara e corpo ao mês de julho, depois de saber que a condição para ficar na casa seria um aumento de 42,5% do preço do aluguer nos próximos três anos. “A maioria de nós fez obras na casa”, queixa-se ao ABC. “Não somos marginais, não deixámos de pagar as mensalidades, queremos que nos deem a possibilidade de as comprar e não que nos deem.” Mesmo assim, muitos garantem não ter como fazê-lo já.

O caso já está nos tribunais, envolvendo a venda de todas as 1.860 habitações. E ganhou contornos políticos, com o PSOE (na oposição) a alegar que a câmara está a vendê-las abaixo do preço de mercado. Quanto a estes vizinhos, esperam que o calendário lhes dê visibilidade e força para uma luta que promete ser difícil.

 

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