O Banco Mundial considera que a recente quebra dos preços do petróleo vai tornar mais desafiante o objetivo de Angola relativamente à diversificação da economia, porque a descida dos preços configura uma mudança estrutural de médio prazo. “O novo contexto torna mais desafiante o objetivo de médio prazo das autoridades angolanas de diversificarem a economia para lá do petróleo”, lê-se no Documento de Informação do Programa, um breve relatório que explica as razões para a concessão de um empréstimo de 500 milhões de dólares a Luanda, no seguimento da quebra das receitas fiscais decorrente da descida do preço do petróleo.
No documento, a que Lusa teve acesso, os analistas do Banco Mundial explicam que “Angola precisa de uma política orçamental contracíclica para conseguir manter os esforços de diversificação da economia ao mesmo tempo que protege os pobres e os mais vulneráveis” no novo contexto do setor petrolífero, marcado por uma descida dos preços e por um choque na oferta e, em menor grau, também na procura.
À Lusa, a responsável sénior de Operações para Angola do Banco Mundial, Ana Maria Carvalho, explica que Angola, sendo um país de rendimento médio desde julho do ano passado, “apenas tem acesso aos fundos do Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento”, que são oferecidos aos países em condições mais vantajosas que as oferecidas pela banca comercial. “Por exemplo, o Empréstimo Flexível do BIRD com uma variável spread situa-se atualmente entre 0,26% e 0,46% acima da LIBOR (dependendo da maturidade média) em comparação com a média do Emerging Market Bond Index (EMBI), spread atualmente de 3,8% para os países emergentes em África”, diz a responsável em respostas colocadas por email pela Lusa.
O empréstimo flexível, acrescenta, tem um prazo de até 30 anos, com vários perfis de amortização e uma opção incorporada para ajudar os destinatários a gerirem os juros e os riscos da moeda. O empréstimo de 500 milhões de dólares junta-se a mais outros dois, de 250 milhões cada um, contraídos junto do Goldman Sachs e do Gemcorp Capital, fazendo com que, só este ano, Angola já tenha contraído cerca de mil milhões de dólares, a que se junta um conjunto de emissões de dívida pública nos mercados internacionais, um processo que será liderado pelo Goldman Sachs.