O embaixador do Iraque nas Nações Unidas pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que investigue se o auto-proclamado Estado Islâmico está a traficar órgãos a partir da Síria e do Iraque. A organização terá já desencadeado uma investigação, embora o embaixador do Reino Unido – país que integra o Conselho de Segurança – tenha garantido que este tema ainda não foi discutido “oficialmente”.
Mohamed Alhakim, embaixador do Iraque na ONU, diz que há provas no terreno e pede agora aos restantes Estados-membros da organização que investiguem se o grupo terrorista está a obter lucros através do tráfico de órgãos de civis residentes nas cidades que têm vindo a invadir no Iraque. “Temos corpos aos quais lhes faltam algumas partes. Venham examiná-los. Faltam-lhes partes”, urgiu Alhakim dirigindo-se à comunicação social na terça-feira.
O iraquiano denunciou ainda que 12 médicos terão sido mortos em Mosul por se terem recusado a retirar órgãos aos seus pacientes. Vários cadáveres têm sido alegadamente encontrados em valas comuns com incisões cirúrgicas em várias partes do corpo e com algumas partes em falta. Segundo a CNN, Nickolay Mladenov, enviado especial da ONU ao Iraque, afirma que “há relatos” destes acontecimentos e que uma investigação no terreno já está a ser levada a cabo.
Também à CNN, a investigadora Nancy Scheper-Hughes, diretora da organização Organs Watch, diz que a prática de tráfico de órgãos em tempos de guerras civis “não é algo fora do comum”.
Ao jornal britânico The Independent, Elijah J. Magnier, correspondente internacional do jornal do Kuwait Al Rai, disse que vários jihadistas refutam estas acusações dizendo que as execuções são feitas com um tiro na cabeça, enforcamento, corte da cabeça, entre outros métodos. “Os guerrilheiros nem sequer têm tempo para parar no meio da batalha e recolher os corpos dos próprios camaradas”, relataram os guerrilheiros que combatem atualmente no Iraque,
Magnier diz mesmo que não há condições para transporte dos órgãos nem contactos para fazer chegar esses órgãos a quem os poderia querer comprar. No entanto, segundo a agência noticiosa turca Anadolu, sabe-se que o Estado Islâmico abriu recentemente uma escola de medicina em Raqqa, na Síria.