O jogo “é importante”, isso não é novidade. Ainda para mais quando há a hipótese de, no caso de os três pontos caírem no lado de Portugal a 29 de março, contra a Sérvia, a seleção nacional passar a “depender exclusivamente de si própria”. Fernando Santos, o homem das escolhas, sabe-o melhor que ninguém. E por isso escolheu os 24 jogadores esperados, os óbvios, num lote em que até há uma surpresa, sim, mas que fica encolhida por se chamar Ventura, vir do Belenenses e ter sido chamado por não haver Beto, do Sevilha.

Não é nenhuma estreia — há pouco mais de quatro anos, por exemplo, o guardião, hoje com 27 anos, já fora convocado por Paulo Bento, a meio da caminhada que fez a seleção entrar no Euro 2012. “É um guarda-redes de qualidade”, disse esta quinta-feira Fernando Santos, selecionador que, agora, o chamou para a quarta partida no apuramento para o Europeu de 2016, onde Portugal vai com seis pontos amealhados em três jogos.

Guarda-redes: Rui Patrício (Sporting), Anthony Lopes (Olympique de Lyon) e Ventura (Belenenses).

Defesas: Antunes (Dínamo Kiev), José Bosingwa (Trabzonspor), Bruno Alves (Fenerbahçe), Cédric Soares (Sporting), Eliseu (Benfica), Fábio Coentrão, Pepe (Real Madrid), José Fonte (Southampton) e Ricardo Carvalho (AS Monaco).

Médios: André Gomes (Valência), João Mário, William Carvalho (Sporting), João Moutinho (Mónaco) e Tiago (Atlético de Madrid).

Avançados: Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Nani (Sporting), Danny (Zenit São Petersburgo), Vieirinha (Wolfsburgo), Éder (Sporting de Braga), Hugo Almeida (Kuban Krasnodar) e Ricardo Quaresma (FC Porto).

E a 29 de março, no Estádio da Luz, a um domingo, receberá a Sérvia, que conta um ponto no mesmo número de jogos e, por isso, verá este duelo como “um jogo muito importante”. A seleção balcânica está como está, em parte, devido a uma sanção que a UEFA lhe aplicou em outubro, castigando-a pela violência dos adeptos e pelo drone que sobrevoou o relvado do Sérvia-Albânia, encontro de qualificação que acabaria suspenso. “O que sei é que vamos defrontar uma excelente equipa, com jogadores fantásticos. Não os vou enumerar a todos porque já os conhecem”, disse Fernando Santos, já depois de divulgar os convocados na sede da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), em Lisboa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Tinha razão, porque estes sérvios são bem conhecidos. A Lisboa deverão vir nomes como Branislav Ivanovic, capitão sérvio e durão defesa do Chelsea de José Mourinho, especialista em usar a cabeça para marcar golos quando há cantos e livres que o mandem subir. Aleksandar Kolarov, o canhoto dos livres e pontapés canhão do Manchester City. Mateo Kovacic, o miúdo e médio do Inter de Milão, que cola a bola ao pé e gosta de fintar.

E depois haverá também Lazar Markovic, o extremo que no verão trocou o Benfica pelo Liverpool e que já mostrou que sabe sprintar e serpentear com a bola por entre adversários. “Sei os problemas que a Sérvia nos poderá causar e o que poderemos fazer para tirar proveito das fragilidades que tem”, garantiu Fernando Santos que, ciente disto, juntou 24 portugueses de acordo com a “estratégia delineada” e a “importância do jogo”.

O resultado foi uma convocatória — a terceira feita por Fernando Santos desde que se tornou selecionador nacional, em outubro de 2014 — com os nomes esperados. Para a baliza chamou Rui Patrício, o guarda-redes mais habituado a defender a baliza nacional, e Anthony Lopes, homem a quem o hábito, e as expetativas do treinador, veem como “o mais direto competidor” do guarda-redes do Sporting. A terceira vaga ficou para Ventura.

Na defesa não houve novidades, só um número curioso: há três laterais para o lado esquerdo do campo (Fábio Coentrão, Eliseu e Antunes) e dois para o flanco oposto (Cédric Soares e José Bosingwa). Para o meio deles convocaram-se quatro centrais e as cortesias da titularidade deverão estar à espera de Ricardo Carvalho e Pepe, com Bruno Alves e José Fonte a assistirem desde o banco de suplentes. De fora, uma vez mais, ficou Neto, do Zenit São Petersburgo.

Os médios são apenas cinco e o número justificará o porquê dos três laterais para a esquerda — Eliseu já passou mais anos como extremo do que defesa e, sobretudo, Fábio Coentrão sabe o que é jogar a médio. Por isso será um botão de emergência caso algo aconteça a João Moutinho, Tiago ou André Gomes, talvez os que mais em forma têm estado, ou a William Carvalho e João Mário.

Para a frente há os do costume entre Cristiano Ronaldo, Danny, Nani e Ricardo Quaresma, a quem se juntam Éder, que tem sido mais suplente do que titular em Braga, e Hugo Almeida — que após seis meses no Cesena, em Itália, se mudou no Natal para a Rússia, onde tem jogado no Kuban Krasnodar. Esta época, contudo, só marcou um golo e já não joga na seleção nacional desde a derrota (4-0) frente à Alemanha, no primeiro jogo do Mundial 2014.

Decisão do TAS na segunda-feira

O embate contra a Sérvia será a 29 de março e, a 31, haverá logo um amigável com Cabo Verde. Face às regras da FIFA, que só deixam os jogadores estarem em dois jogos com, pelo menos, 72 horas pelo meio, Fernando Santos anunciará “10 ou 11 novos nomes” na segunda-feira. Ou seja, no mesmo dia em que o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) anuncia se reduz, ou não, a suspensão de oito jogos que, a manter-se, só o voltará a deixar estar no banco de suplentes em jogos oficiais da seleção no segundo jogo da fase de grupos do Euro 2016, caso Portugal lá chegue.

O adiamento da decisão do tribunal — que estava inicialmente agendada para esta sexta-feira, 20 de março — foi confirmado pelo TAS à SIC. Antes, porém, já o selecionador nacional respondeu sempre problemas às perguntas que o questionaram sobre o tema. “Sinto-me bem, não tenho nenhuma dor, portanto sinto-me bem. Não sei quando vai sair [a decisão]. Espero com muita serenidade, porque também tenho uma confiança absoluta com aqueles que trabalham comigo”, resumiu, apenas, o treinador.