No sábado, na Universidade de verão do PSD, o eurodeputado social-democrata Paulo Rangel elogiou o “ataque sério e consistente” feito nos últimos tempos à corrupção e “promiscuidade” e questionou se “alguém acredita que se os socialistas estivessem no poder haveria um primeiro-ministro sob investigação” [José Sócrates] ou “o maior banqueiro estaria sob investigação” [Ricardo Salgado].
Em reação, o Partido Socialista (PS) acusou o eurodeputado de estar a fazer “uma tentativa clara de partidarização da justiça”, exigindo ao líder do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, para clarificar se se reconhece nas declarações de Paulo Rangel.
“As declarações do Dr. Paulo Rangel de ontem [sábado] só posso comentá-las dizendo que são umas declarações muito infelizes. Infelizes porque da parte de um político como o Dr. Paulo Rangel espera-se um outro comportamento e espera-se que não politize a justiça”, afirmou, em declarações à agência Lusa, Maria José Costeira.
Para a presidente da ASJP, o facto de o país estar a entrar num período de campanha eleitoral não deve ser um pretexto para um “vale tudo”.
“Vamos entrar agora em campanha eleitoral, mas não podemos por isso achar que vale tudo e era bom que os nossos políticos percebessem que a justiça é importante demais para ser politizada e ser objeto de campanhas eleitorais”, frisou Maria José Costeira.
E como tal, salientou a representante, as declarações do eurodeputado social-democrata não fazem “qualquer tipo de sentido”.
E acrescentou: “O Dr. Paulo Rangel sabe perfeitamente como funciona o sistema de justiça. É absolutamente independente do poder executivo e, portanto, as declarações são infelizes”.
“Espero que fiquemos por aqui na campanha e que não deem o mote para que esta campanha venha a fazer com que os tribunais e a justiça sejam objeto da campanha eleitoral com comentários demagógicos e populistas que não dignificam em nada os políticos e que prejudicam a justiça”, concluiu a presidente da ASJP.