Os mais de cinco mil membros do grupo “Bring the Web Summit 2016 to Lisbon” já não precisam de enumerar mais razões para convencer Paddy Cosgrave a realizar a sexta edição do maior evento europeu de empreendedorismo e tecnologia na capital portuguesa. Em 2016, 2017 e 2018, a Web Summit tem nova morada: Lisboa. No próximo ano, os mais de mil oradores vão falar no MEO Arena e na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

“Mudar para Lisboa vai dar-nos oportunidade para crescer”, disse Paddy Cosgrave, no anúncio do acordo que foi assinado esta quarta-feira, em Lisboa. Porquê? Porque Lisboa “é uma cidade mágica e com tanta história”, referiu. “Estou muito contente por podermos chamar Lisboa a nossa casa em 2016.”

O presidente da Web Summit explicou que esteve durante meses a olhar para eventos em toda a Europa e a ponderar qual seria a melhor cidade para acolher um evento que em 2014 recebeu 22 mil participantes. E Lisboa teve a seu favor o facto de ser uma “cidade brilhante, com uma comunidade de empreendedores brilhante”. Sobre o movimento que a publicação digital Ship lançou para convencê-lo a escolher Lisboa, disse que foi “maravilhoso”  ter um feedback destes da comunidade.

“Toda esta atividade no Twitter e no Facebook foi algo que nunca aconteceu noutras cidades. São coisas que parecem muito pequenas, mas que tiveram muito impacto na decisão final”, disse Paddy.

O vice-primeiro-ministro Paulo Portas anunciou que para a edição de 2016 se esperam cerca de 40 mil pessoas em Lisboa e que além dos próximos três anos, o acordo pode estender-se por mais dois. “Vencer a competição pela Web Summit não tem apenas a ver com trazer para Lisboa um dos eventos mais importantes da economia do século XXI”, disse Paulo Portas, explicando que o evento vai colocar Lisboa “no centro do mundo da internet, das novas tecnologias e das empresas mais competitivas”.

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“É uma grande oportunidade para melhorarmos o ecossistema tecnológico português”, afirmou o vice-primeiro-ministro. São esperados mais de 2 mil jornalistas para cobrir o evento em novembro de 2016.

O investimento para o evento – financiado pelo Turismo de Lisboa, Turismo de Portugal e pela AICEP – é de 1,3 milhões de euros para cobrir a logística do evento e infraestruturas, mas o retorno esperado ronda os 175 milhões (se tivermos em conta que em 2014 o evento gerou 100 milhões de euros em volume de negócios com 22 mil participantes e extrapolarmos o mesmo múltiplo), explicou Leonardo Mathias, secretário de Estado Adjunto da Economia.

Com elogios sucessivos ao trabalho da comunidade de empreendedores portugueses, Paddy Cosgrave explicou o impacto que tiveram “os milhares de emails” que recebeu e o facto de em cada 100 tweets que recebia, 95 serem a pedir para que a Web Summit se realizasse em Lisboa.

“Quando cheguei a Lisboa, não queria acreditar como era tão parecida com São Francisco. Porque São Francisco já não é só uma localização geográfica, é muito mais. E em Lisboa, o café é melhor”, diz, entre risos, o líder da Web Summit.

A curiosidade sobre Lisboa começou quando, no ano passado, Jaime Jorge, da portuguesa Codacy,  venceu o concurso de pitch “mais difícil” do evento, o Beta Award – para startups com investimento superior a um milhão de euros (quando a Codacy só tinha recebido cerca de 400 mil euros em investimento). Tinham concorrido cerca de 1500 startups. Na altura, Jaime Jorge disse ao Observador que era quase como se tivesse vencido “os Óscares das startups na Europa”.

Mas a estreia de Portugal no evento não começou aqui. Começou em 2011, quando a luso-britânica Seedrs venceu a mesma competição na London Web Summit, organizada por Mike Butcher. Este evento acabou por se fundir com o de Dublin, dando origem à versão atual da Web Summit.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, referiu na conferência de imprensa desta quarta-feira que “Lisboa é uma cidade muito completa, onde coexsite uma parte de Portugal que já conhecemos, mas onde existe um Portugal que nem sempre tem o reconhecimento que é devido, que é o Portugal moderno.

“Lisboa está a ser ada vez mais conhecida como uma cidade onde acontecem novas aventuras e onde a economia do mundo avança. E o avanço vai passar por Lisboa. Hoje é um dia especial. É um dia que vai permitir dar um salto e dar mais visibilidade a este Portugal moderno”, referiu Fernando Medina.

Como tudo começou? 

A candidatura de Lisboa à edição de 2016 da Web Summit foi anunciada em agosto pelo vice-primeiro-ministro Paulo Portas e foi o secretário de Estado da Economia, Leonardo Mathias, quem conduziu o processo. É a primeira vez que o evento sai da casa-mãe, em Dublin, Irlanda, e decorre noutra cidade europeia. E Lisboa é o porto de destino.

No início de setembro, a publicação digital Ship lançou um movimento para convencer a organização a escolher Lisboa para palco do evento, que este ano espera atrair cerca de 30 mil pessoas em Dublin. Poucos dias depois, uma boa-nova – na fase final do processo de candidatura, a decisão só poderia cair sob uma de duas cidades: Lisboa ou Amesterdão.

Na altura, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, disse que esta candidatura representava “mais um passo seguro na consolidação da cidade [de Lisboa] como palco preferencial para a realização dos grandes eventos a nível mundial na área do empreendedorismo e do sector das tecnologias e inovação“.

Já a Associação Turística de Lisboa (ATL), que também tem estado envolvida no processo, afirmou que Lisboa apresentava argumentos muito fortes para convencer a organização da Web Summit a escolher Lisboa, “devido ao seu forte posicionamento turístico, à excelente qualidade da oferta de infraestruturas e serviços e, também, devido à relevância internacional cada vez maior do ecossistema de startups”.

Em 2016, os óscares vão ser em Portugal, mas em 2015 são na Irlanda e a organização fala em receber 30 mil participantes e 800 oradores, como Sean Rad,  fundador da aplicação Tinder, Ed Catmull, presidente dos estúdios de animação Pixar e Mike Schroepfer, diretor de tecnologia do Facebook.

Para a edição deste ano, que decorre em novembro, já há 12 startups portuguesas confirmadas: a Cuckuu, DISPLR, SPEAK, Qaalog, Codacy, loqr, comOn Labs, Facestore, VEEDEEO, B-Guest, Inovamatic e begin.media.

Ao Observador, Maria Almeida, fundadora do movimento “Let’s bring the Web Summit 2016 to Lisbon” disse que existia uma “grande possibilidade” de o evento ocorrer em Lisboa, porque a organização gostava de “marcar as tendências”. Lisboa vai estar no centro da Europa.