Uma equipa de investigadores internacionais vai começar a analisar as partículas cósmicas que foram recolhidas numa das pirâmides do Egito, com o objetivo de encontrar pistas sobre como foram construídas estas estruturas com 4.600 anos.

Os investigadores instalaram placas no interior da Pirâmide Inclinada, em Dahshur, nas imediações do Cairo. Nessas placas foram detetadas partículas que “chovem” da atmosfera terrestre, chamadas muões — partículas semelhantes aos eletrões — que passam por espaços vazios, mas podem ser absorvidas ou desviadas por superfícies duras.

Os investigadores acreditam que estudando a distribuição destas partículas que acumulam energia vão ficar a saber mais sobre a construção das pirâmides: diferenças de temperatura entre várias zonas do interior das pirâmides indicam as zonas onde existem espaços vazios.

“Sobre a construção das pirâmides, não há uma única teoria que esteja 100% provada ou confirmada; são todas teorias ou hipóteses,” referiu Hany Helal, vice-presidente do Instituto de Preservação do Património e Inovação do Egito e o condutor da investigação, segundo a agência Reuters.

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O projeto “Scan Pyramid” envolve a digitalização de quatro pirâmides antigas, recorrendo a técnicas não invasivas como a radiografia, os infravermelhos, a recolha de imagens através de drones e a reconstrução 3D.

“O que estamos a tentar fazer com esta nova tecnologia é confirmar, mudar ou reatualizar as hipóteses que temos sobre a forma como as pirâmides foram construídas,” acrescentou Hany Helal.

Em novembro, e no âmbito do mesmo projeto, os investigadores já haviam anunciado a descoberta de anomalias térmicas — diferenças de temperatura não justificadas pelo clima exterior — noutra estrutura, a Pirâmide de Quéops em Gizé.

“Se encontrarmos um vazio de um metro quadrado algures, isso trará novas questões e hipóteses e talvez ajude a resolver as questões definitivas,” explicou o presidente do Instituto de Preservação do Património e Inovação do Egito, Mehdi Tayoubi, em declarações citadas pela Reuters.